Gasolina sobe 40% no ano e passa dos R$ 7 em seis estados; gás de cozinha rompe a marca dos R$ 100, aponta ANP
Levantamento mostra que a gasolina registra a 11ª semana consecutiva com alteração de preço nas bombas; diesel também acumula alta anual de 37,99%.
O preço médio da gasolina, do diesel e do gás de cozinha voltou a registrar mais uma alta nas revendedoras de combustíveis do país, aponta nova sondagem realizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
O litro da gasolina subiu, em média, 3.33% nas duas últimas semanas. O preço que girava em torno de R$ 6,117 saltou para R$ 6,321 —é a 11ª semana consecutiva (entre altas e estabilidade) que a gasolina passa por alterações de preço.
No ano, a ANP diz que o litro médio da gasolina subiu 40,9%. Pesadelo para os consumidores, a alta de preço fez o litro ser vendido nas últimas semanas a mais de R$ 7 em algumas regiões.
Em pelo menos seis estados do país, a gasolina já pode ser encontrada nos seguintes preços: R$ 7,499 (Rio Grande do Sul), R$ 7,399 (Rio de Janeiro), R$ 7,159 (Piauí), R$ 7,179 (Minas Gerais), R$ 7,047 (Mato Grosso) e R$ 7,300 (Acre).
O diesel também acumula no ano alta de 37,99% nas bombas. Nas duas últimas semanas, a ANP diz que o preço do combustível registrou leve aumento de 0,3%, e já é encontrado a R$ 4,976.
O preço do botijão de cozinha de 13 kg também registrou mais uma alta de preço e rompeu a marca dos R$ 100. Segundo a ANP, o vasilhame já era comercializado a R$ 100,44 na semana passada, uma alta de 1,79% ante ao valor encontrado na anterior, quando o produto era comercializado a R$ 98,67.
No ano, o GLP já registra alta de 34,36%. De acordo com a ANP, o produto já é encontrado acima dos R$ 100 em 19 estados do país, com o maior preço médio em Mato Grosso, onde o vasilhame atinge, em média, os R$ 120,16.
O preço dos combustíveis varia de acordo com as cotações do petróleo no mercado internacional e do dólar. A disparidade de valor entre os estados também acontece devido à tributação diferenciada das unidades federativas e dos custos logísticos na distribuição dos combustíveis pelas regiões.
A nova alta de preços ocorre no momento em que as autoridades discutem um projeto que altera a tributação do ICMS (imposto que incide sobre a circulação de mercadorias e serviços) nos combustíveis.
Hoje, o imposto corresponde a um percentual entre 25% e 34% incidente sobre o preço da venda da gasolina e de 12% a 25% sobre o diesel. A alíquota incide sobre o chamado Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF) – valor de referência calculado pelos entes a cada 15 dias. Entenda a fórmula.
Caso a nova regra entre em vigor, o ICMS cobrado em cada estado será fixo e calculado com base no preço médio dos combustíveis nos dois anos anteriores. Mas, para isso, ainda precisa passar pelo Senado Federal e ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A reportagem mostrou que boa parte dos governadores já ensaiam uma resposta no Senado Federal ou mesmo no Supremo Tribunal Federal (STF) devido a perspectivas de queda da arrecadação de impostos se a nova proposta prosperar.
Carro na garagem
Levantamento realizado neste mês pelo Instituto Paraná mostrou que o aumento dos combustíveis vem impactando o cotidiano dos brasileiros.
Seis em cada dez entrevistados (62,5%) diminuíram a frequência de uso do veículo devido ao preço exorbitante dos combustíveis. O carro tem ficado mais na garagem para quem tem entre 25 e 34 anos (69,8%) e possui apenas o ensino fundamental completo (66,8%).
A frequência de diminuição do uso do veículo também caiu consideravelmente entre os que integram a população economicamente ativa, com 63,9% das respostas. O grau de confiança da pesquisa é de 95%.