Financiamento imobiliário às empresas cresce
Os bancos brasileiros devem continuar avançando no crédito para imóveis em 2014 devido à baixa inadimplência no setor. A concessão de financiamento imobiliário com recursos direcionados às pessoas jurídicas cresceu 155,2% em fevereiro de 2014 para R$ 4,41 bilhões, ante o montante de R$ 1,728 bilhão em fevereiro de 2013. O crescimento foi puxado pelo financiamento concedido às construtoras com taxas de mercado, cujo volume concedido atingiu R$ 2,841 bilhões.
Ao mesmo tempo, o volume de financiamento imobiliário concedido às empresas com taxas reguladas – com recursos captados da poupança ou do fundo de garantia – teve crescimento de 34,25% na mesma comparação, de R$ 1,392 bilhão em fevereiro de 2013 para o montante de R$ 1,569 bilhão em fevereiro de 2014.
De acordo com dados do Boletim de Operações de Crédito do Banco Central, o financiamento imobiliário com taxas reguladas – com recursos da poupança e do fundo de garantia – para pessoas físicas cresceu 38,7% na mesma comparação, de R$ 6,703 bilhões em fevereiro do ano passado para R$ 9,299 bilhões no último mês de fevereiro.
Mas por outro ângulo, as concessões de financiamento imobiliário às pessoas físicas com taxas de mercado recuaram 11,63% para R$ 1,010 bilhão em fevereiro último, ante R$ 1,143 bilhão em fevereiro do ano passado.
“Os bancos serão mais seletivos às pessoas físicas com taxas de mercado daqui para frente. Os preços dos imóveis estão num patamar elevado e sem muito espaço para valorização. A valorização alcançada nos anos anteriores diminuía a proporção do saldo devedor em relação ao preço do imóvel, o que era uma garantia para o banco em casos de alienação fiduciária”, observou o analista de bancos da Austin Ratings, Luiz Miguel Santacreu.
O analista alertou que a concessão de crédito em imóveis novos será mais criteriosa pelas instituições financeiras. “A Selic [taxa básica de juros] subiu, e os bancos recompõem suas margens em taxas de mercado. Ou seja, os juros subiram e ficou mais caro para pessoa física financiar um imóvel que está com o preço bastante esticado [elevado]”, considerou.
Os bancos privados disputam o segmento de taxas de mercado com a Caixa Econômica Federal.
Em sua última divulgação de balanço, o vice-presidente de Habitação da Caixa, José Urbano Duarte informou que o banco público possui 68,48% de participação de mercado no crédito imobiliário, mas não pretende ter 100% do segmento como era no passado. “A competição é boa e interessante, e temos mantido o nosso share [participação]. Mas temos elementos para apontar que vamos continuar trabalhando e mantendo o nosso share”.
O vice-presidente justificou que a inadimplência no segmento imobiliário é historicamente baixa. “Nossa inadimplência continua estável, ficou em 1,4% em dezembro de 2013, enquanto a média do mercado sem a Caixa é 2,2%”, considera o executivo.
Duarte contou que a Caixa optou por ser mais agressiva em operações fora do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) de taxas reguladas. “Nós tínhamos 7,5% dessas operações em 2009, e em 2013 foram 17%, isso acaba fazendo que eleve a média de valor financiado no SBPE [Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo]”, justificou o diretor.
Do volume de imóveis financiados pela Caixa, 54,3% são financiados com recursos da poupança (SBPE) e 45,7% são oriundos de recursos com Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Em nossa carteira, 96,9% é com alienação fiduciária e quase 80% dos tomadores tem renda de até 10 salários mínimos”, comparou. A instituição pública pretende entregar 4 milhões de moradias populares do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) nos próximos anos, e entregou 1,614 milhão até 2013.
Fonte: DCI- SP