FGV: Demanda do consumidor deve operar em ritmo lento no 1º semestre
A demanda doméstica das famílias mostrará “evolução lenta” no primeiro semestre deste ano, de acordo com avaliação da coordenadora da Sondagem do Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Viviane Seda. Ela fez a observação ao comentar o recuo de 2,1% no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em janeiro em comparação com dezembro do ano passado – o que levou o indicador a 108,9 pontos, o menor patamar desde junho de 2009 (108,7 pontos).
Uma piora nas avaliações sobre o futuro levou ao resultado, afirmou a técnica. “E isso é ruim, porque as expectativas não estavam caindo”, acrescentou. Ela explicou que, de maneira geral, ao longo do ano passado, avaliações pouco otimistas em relação à situação atual influenciavam para baixo a evolução do ICC – que só conseguia mostrar taxas positivas graças às expectativas ainda positivas. Mas agora o indicador recuou, visto que tanto a avaliação sobre situação atual quanto sobre as perspectivas do consumidor estão em queda.
Para Viviane, um conjunto de fatores levou ao cenário atual. Além da continuidade da atividade econômica mais fraca, o consumidor percebe que os juros estão mais altos, além de maior dificuldade de acesso ao crédito, em comparação com anos anteriores. Ao mesmo tempo, houve nítida redução no ritmo de contratações – sendo que, qualquer mudança no mercado de trabalho eleva a cautela do consumidor em relação a futuras compras.
Isso é perceptível no desempenho da intenção de compra de duráveis em janeiro, acrescentou a técnica. Este mês, o indicador para esse tópico se posicionou em 83,2 pontos – abaixo da média histórica (85 pontos) pela primeira vez em sete meses. Em dezembro do ano passado, a intenção de compras atingiu 86,5 pontos.
Mas a diferença do humor do consumidor em janeiro, em comparação com o que foi observado em dezembro do ano passado, é que, no médio prazo, o brasileiro não espera mais melhoras expressivas na economia e em suas finanças – diferentemente de sua percepção no segundo semestre de 2013, onde as expectativas ainda estavam com saldo positivo.
“Creio que, em um primeiro momento, o que estamos observando este ano é que o consumidor não está mais esperando uma mudança rápida no cenário atual”, resumiu a especialista.
Valor Econômico