Exportações caem pela metade no Japão em fevereiro
O Japão anunciou nesta quarta-feira que as exportações em fevereiro caíram 49,4% em comparação com o mesmo mês do ano passado. O dado, divulgado pelo Ministério das Finanças, é mais um sinal de agravamento da crise econômica no país.
As vendas para os Estados Unidos, maior parceiro comercial do arquipélago, tiveram uma retração sem precedentes de 58,4%.
Esta foi a pior queda nas exportações do Japão, desde 1980, quando o governo começou a pesquisa, superando o recorde anterior registrado em janeiro deste ano (45.7%).
O setor mais afetado foi o automotivo. As montadoras registraram uma redução de 70,9% nas vendas ao exterior mês passado em comparação a um ano antes. A Toyota, maior fabricante de carros do mundo, teve uma queda de 69% nas exportações.
Outros setores bastante afetados pela redução nas exportações foi o de semicondutores, que diminuiu 51,1%, e de televisores (63%).
Além dos Estados Unidos, o Japão registrou grandes quedas nas vendas para Europa (54,7%) e Ásia (46,3%). O envio de produtos para a China, por exemplo, sofreu redução de 39,7%.
Analistas preveem uma queda no PIB de 12,1% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2008.
A retração registrada no final do ano passado tinha sido até então a pior desde 1974.
A boa notícia do dia foi o registro de um superávit na balança comercial, que há cinco meses consecutivos estava no vermelho. Isto aconteceu por causa da queda também nas importações.
Em fevereiro, o país registrou um saldo comercial positivo de cerca de US$ 842 milhões, o que representou um recuo de 91,2% na comparação anual.
O ministro das Finanças Kaoru Yosano classificou a queda nas exportações como “chocante”.
“Com uma possível contração econômica na casa dos 12%, o país precisará crescer muito rapidamente nos próximos trimestres. Porém, não existem sinais de que isso possa acontecer”, admitiu o ministro em entrevista nesta semana.
Com a redução nas exportações, diminuiu também a produção na indústria japonesa. Só o setor automotivo registrou uma acentuada diminuição na fabricação de carros.
A Toyota cortou em 65% a produção doméstica na comparação anual. Foi a maior queda registrada pela empresa desde 1977. Já a produção mundial da fabricante diminuiu 49,6%.
Honda, Nissan, Mitsubishi e Mazda também cortaram quase pela metade a produção de veículos.
Segundo relatório da Associação de Fabricantes de Automóveis do Japão, a previsão é que as vendas domésticas para este ano fiscal, que termina semana que vem, registrem uma queda de 12,2% na comparação anual.
Sem perspectivas de melhora nas vendas, as fabricantes de veículos devem continuar cortando a produção. Por isso, as condições econômicas e o mercado de trabalho no Japão devem se manter instáveis pelos próximos meses.
Fonte: Último Segundo