Ex-secretário de segurança do RJ discute o combate ao crime organizado em Joinville
José Mariano Beltrame, policial federal aposentado e ex-secretário de segurança pública do Rio de Janeiro esteve em Joinville na noite de ontem, 16, para tratar de um assunto que tem gerado muita discussão: combater o crime organizado no país.
Para uma plateia que contou com a participação de representantes de órgãos de segurança como as policias Militar e Civil, Ministério Público e Consegs, Beltrame explicou como criaram um plano para pacificar as favelas no Rio de Janeiro e, consequentemente, implantar serviços para a comunidade. “No meu ponto de vista, o mais importante é investir em segurança e esse deve ser o tema dos próximos 10 anos no Brasil. Como é que você quer oferecer um projeto cultural em uma área dominada por uma organização criminosa? É um déspota que vai decidir quem participa, quando a atividade acontece e se ele quiser fazer uma festa, manda todo mundo embora e coloca arma lá dentro”, afirmou o ex-secretário.
Além disso, o palestrante também discursou sobre a importância do trabalho em conjunto das forças de segurança enfatizando que um dos problemas da constituição é ter deixado o tema segurança sob responsabilidade dos Estados. Para ele, isso aconteceu porque na época em que a constituição foi criada, ter polícia era sinônimo de repressão. “No Rio nós colocamos as policias civil e militar para trabalhar juntas, responsáveis por uma mesma área, e estipulamos metas para que eles diminuíssem índices de crimes contra a vida. Claro que tem que escolher alguns desses crimes, porque não tem como dizer que vai zerar tudo e nós pagamos por essa redução. Todos receberam desde os praças até os comandantes, de agentes a delegados. Desta maneira, fizemos com que os dois comandantes dessas policias sentassem para conversar e discutir juntos como melhorar a situação. Quando tinha um problema, não precisávamos reunir aquele monte de gente para uma reunião. Trazíamos os dois e questionávamos”, disse Beltrame.
Ao ser indagado pelo público sobre a dificuldade de prender e manter preso um líder de organização criminosa, o ex-secretário foi enfático em dizer que prender não é difícil, tanto que a maioria das lideranças estão atrás das grades no Rio de Janeiro, o complicado é fazer com que cumpram a pena efetivamente, Beltrame citou dois exemplos: um criminoso que fez ameaças de morte contra ele e hoje, menos de dois anos após a prisão, está no regime semi-aberto e outro traficante reconhecido internacionalmente que foi detido no porta-malas de um veículo no meio de calçados usados e sujos. “Tem que construir novas prisões? Sim! Tem que dar mais condições ao apenado? Sim, mas o lugar dele é em qualquer outro que não seja a rua”.