Everardo Maciel: “Todo imposto, no final, é pago pela pessoa física”
O discurso na defesa de cortes de benefícios e renúncias fiscais é compartilhado por muitos assessores econômicos dos partidos como uma maneira de auxiliar no ajuste das contas da União. Em meio à campanha eleitoral, a Receita Federal enviou ao Congresso Nacional sua estimativa do quanto o governo irá deixar de ganhar com as desonerações e incentivos. Segundo a expectativa, que faz parte do projeto de Lei Orçamentária de 2019, as renúncias tributárias devem aumentar em R$ 23 bilhões no próximo ano, atingindo a marca de R$ 306,4 bilhões. O montante é bem maior do que o déficit previsto, que está em R$ 139 bilhões.
Os incentivos fiscais são concedidos pela administração pública para determinadas empresas ou setores da economia, por meio de benefícios ligados à carga tributária, como descontos, compensações ou isenções. O consultor jurídico Everardo Maciel lembra que a elevação das renúncias fiscais não representa a concessão de novos incentivos, mas sim um aumento na base de cálculo.
Para o especialista, existem benefícios que trazem ganhos para o sistema econômico, enquanto outros podem gerar distorções. “Há incentivos indispensáveis, como o tratamento dispensado às micro e pequenas empresas, que têm previsão constitucional. Sem ele, muitas empresas não existiriam, já que contribui fortemente para a formalização da atividade. Mas cada situação é específica. Um exemplo de distorções é quando os incentivos decorrem da guerra fiscal. Em relação aos estados, no âmbito do ICMS, houve uma concessão sistemática que ocorreu, sobretudo, depois da Constituição de 1988, representando uma medida danosa, ilegal e ilícita”, destaca, lembrando que a Lei Complementar 160, de agosto de 2017, ajudou a dar um norte para esta situação.
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Fonte: Revista Exame