Estudo traz balanço das fraudes corporativas no Brasil
A ICTS Protiviti, empresa de consultoria, auditoria e serviços em gestão de riscos, divulgou a pesquisa “O Retrato da Fraude Corporativa no Brasil”, que mostra a relação estreita entre o aumento do número de fraudes nas organizações brasileiras nos últimos quatro anos e o ambiente macroeconômico do país. A pesquisa revela que a incidência/identificação de fraudes tem relação inversa com o crescimento do PIB brasileiro.
“O crescimento do PIB do país apresentou queda de cerca de 7,5 vezes entre 2010 e 2012. Em contrapartida, o número de casos de fraudes identificadas cresceu cerca de 12 vezes entre 2010 e 2013”, explica Renato Anaia, gerente executivo de Investigação e Inteligência Empresarial da ICTS Protiviti.
O impacto financeiro dos casos de fraude identificados também se relaciona inversamente com o crescimento econômico do Brasil. A partir de 2010, quando o crescimento do PIB caiu de 7,5% para 2,7% em 2011 e para 1% em 2012, o valor médio das fraudes teve aumento de cerca de 450%, de R$ 50.000,00 para R$ 225.000,00.
O levantamento foi consolidado a partir das informações de 92 fraudes confessas investigadas pela empresa no período entre 2009 e 2014.
Ao comentar os resultados da pesquisa, Anaia acredita que a percepção das pessoas é de que elas não devem, em princípio, cometer “atos de fraudes quando as coisas vão bem, mas ficam mais vulneráveis para adotar este tipo de conduta em momentos de maior pressão econômica ou quando se sentem desmotivadas na empresa”. Soma-se a isso o fato de que em momentos de maior pressão por resultados, as empresas reforçam seus processos de detecção de fraudes.
A pesquisa revela que em relação ao tipo de fraude, a maioria está ligada a atos de corrupção, em que a pessoa aceita ou faz pagamento de suborno (60%), seguida de apropriação indébita, na qual o indivíduo furta ou pratica desvio de ativos (32%) e demonstrações fraudulentas, em que os fraudadores manipulam resultados (8%).
Impacto financeiro
O impacto financeiro das fraudes também foi medido na pesquisa, segundo a qual 33% das fraudes estão relacionadas a valores acima de R$ 100 mil; 29% entre R$ 10 e R$ 100 mil; 17% até R$ 10 mil. O valor médio do impacto da fraude é de R$ 295 mil, acima da média registrada nos Estados Unidos, que em 2013 foi de cerca de US$ 100 mil (R$ 220 mil).
A maior parcela de fraudadores, de acordo com a pesquisa, é formada por homens (85%) e 15% por mulheres; sendo que 58% estão na empresa há mais de cinco anos e 40% têm entre 1 e 5 anos. Anaia considera que os fraudadores com maior tempo de casa têm uma sensação de conforto para esta prática.
O nível de formação do fraudador também influencia, sendo que 76% são graduados e 24% não graduados. Na análise do nível de decisão dos fraudadores, 39% atuam em nível estratégico, 37% tático e 24% operacional. Anaia explica que o impacto financeiro causado pelos graduados é 3 vezes maior do que dos não graduados e o fato da maioria ocupar funções estratégicas indica que eles se utilizam do elevado grau de confiança que possuem dentro das organizações.
Em termos de distribuição geográfica, 53% dos fraudadores confessos estão na região Sudeste, 26% no Norte e Nordeste, 11% na região Sul e 10% no Centro-Oeste. Em termos de segmentos mais expostos, os maiores índices apresentados foram na construção civil (32% dos casos); logística e transporte (19%) e indústria (17%).
“As empresas precisam se proteger através da adoção de políticas internas e mecanismos para identificação e controle das fraudes”, alerta Anaia. Recomendam-se ações antes e depois da ocorrência de fraudes. Numa atitude preventiva, as empresas devem adotar programas de conscientização e capacitação para o reforço dos preceitos éticos; ferramentas de Due Diligence de Terceiros para detecção e mitigação dos riscos advindos de prestadores de serviços; aderência à ética para identificação do nível de compliance ético individual; e blindagem de processos e controles efetivos.
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