Estudo aponta planos do empresariado brasileiro até 2015
Em meio às recentes conquistas do Brasil como sede da Copa do Mundo e da Olimpíada e às descobertas na camada pré-sal, executivos e empresários entrevistados apontaram as atividades de construção (55%), petróleo e gás (54%) e turismo, hotelaria e lazer (28%) como as de maior potencial de crescimento para os próximos anos. Este é um dos pontos levantados na pesquisa realizada pela Deloitte Panorama Empresarial 2011 – Visões e expectativas sobre o novo ciclo de crescimento do Brasil.
Nesta edição, para detectar os fatores que podem ser determinantes ao crescimento do país, o levantamento ampliou a análise das perspectivas dos entrevistados para 2015, ao contrário dos estudos anteriores, que consideravam apenas o período de um ano. Desta forma, o levantamento permitiu algumas conclusões sobre as expectativas do empresariado para o restante de 2011 e o médio prazo, até 2015, como segue.
Destaques:
• Capital humano como prioridade – reter e desenvolver talentos são hoje o maior desafio das empresas e o principal foco estratégico até 2015
• Interação com públicos de interesse – ações de relacionamento com clientes, consumidores e fornecedores são as mais eficazes entre as adotadas pelas empresas para superar os desafios do mercado
• Inovar é preciso – aumenta a busca por parcerias para pesquisas e cresce a participação de novos produtos na geração de receita
• Marketing e RH – estes são os principais destinos dos novos investimentos
• Setores em alta – construção, petróleo e gás e turismo são os que mais vão crescer
• Crescimento sustentável – Brasil não deve crescer mais do que 5% em 2011 e mesmo em 2015, segundo a maioria dos entrevistados
• Resultados de 2010 – apenas 5% das empresas terminaram o ano sem crescer e só 8% deixaram de fazer investimentos
• Exportações em baixa – 41% dizem que não vão ampliar suas vendas no exterior mesmo até 2015
O maior desafio apontado pelas empresas, para o curto e médio prazos, é a retenção de capital humano e o desenvolvimento de talentos.
“As mudanças ocorridas no Brasil nos últimos anos têm contribuído para um aquecimento significativo do mercado de trabalho. Isso já se reflete no dia a dia das empresas. E a busca por profissionais qualificados e a retenção dessas pessoas ganharam relevância junto aos empresários”, diz José Paulo Rocha, sócio-líder da área de Corporate Finance da Deloitte e responsável técnico pela pesquisa.
Para ele, o fator “capital humano” passou a ser um diferencial competitivo no contexto econômico vivido pelo Brasil nos últimos anos.
Investimentos
Um total de 27% pretende aumentar seus investimentos entre 5,1% e 10% nos anos de 2010 e 2011. Esse mesmo incremento previsto para 2015 está nos planos de 25% dos entrevistados.
Em 2011, os recursos serão destinados, principalmente, para ações de marketing e comunicação, segundo 70% dos respondentes. Os recursos humanos aparecem em segundo lugar, de acordo com 68% dos participantes.
Os entrevistados apontaram uma perspectiva otimista para o aumento dos investimentos estrangeiros, em 2015, de acordo com 86% das respostas. A internacionalização das empresas foi outro aspecto apontado por 81%. Para 79%, as fusões e aquisições devem aumentar em 2015.
Dentre as empresas pesquisadas, a maior parte pretende lançar mais de 20 produtos e/ou serviços nos próximos anos (43% em 2011 e 34% em 2015).
Com relação ao cenário externo, os entrevistados acreditam na ocorrência de um ou mais episódios de crise no mundo (84%) e também na ascendência política dos países emergentes (85%).
Megaeventos e públicos
Os entrevistados destacaram como maior desafio para os megaeventos esportivos previstos para os próximos anos a criação de alternativas viáveis de transporte aéreo (76%). A mobilidade urbana foi destacada em 67% das respostas e a segurança ficou em terceiro lugar, com 43%.
Quando questionadas sobre o nível de eficácia das iniciativas adotadas ou a serem adotadas, neste e nos próximos anos, para endereçar os desafios do mercado, as empresas estão valorizando as ações de relacionamento como alternativa.
Crescimento e desafios
Para a maioria dos participantes, o crescimento do Brasil em 2011 e no médio prazo, ao final de 2015, não deve superar a marca de 5% ao ano, em linha com a tendência de diminuição do ritmo de expansão, em razão das medidas governamentais pelo controle da inflação.
Já a partir do bom crescimento da economia apresentado em 2010, apenas 5% das empresas terminaram o ano passado sem crescer e só 8% deixaram de fazer investimentos. Já 41% afirmaram que não vão ampliar suas vendas no exterior, mesmo até 2015, como possível reflexo do real valorizado.
Empresas participantes
O levantamento, realizado entre os dias 16 de dezembro de 2010 e 31 de janeiro de 2011, foi respondido, em sua maioria, por sócios, diretores e presidentes de empresas (59%).
As empresas respondentes mantêm sedes em todo o país: 73% no Sudeste, 18% no Sul, 4% no Nordeste, 4% no Centro-Oeste e 1% no Norte. A amostra é composta em sua maioria por empresas consolidadas no mercado (79% delas atuam há mais de 10 anos) e pouco mais de 50% realiza operações no exterior – exportação e importação são as operações mais praticadas. Site: www.deloitte.com/about
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