Empresas passam a rever estrutura de salário
Governança: Medidas se antecipam às regras que darão a acionistas poder de votar contra remuneração.
As companhias dos Estados Unidos começaram a cortar os salários e os benefícios de seus altos executivos e a revelar mais detalhes desses pacotes, em antecipação aos efeitos das novas regras que dão aos acionistas mais poderes para votar contra as estruturas de remuneração.
Segundo a consultoria ClearBridge, que examinou as 100 primeiras empresas da lista das 500 maiores da revista “Fortune” a encaminhar aos acionistas detalhes dos chamados “proxy statements” – resoluções que serão votadas nas assembleias anuais -, há evidências claras de uma mudança nas formas de remuneração.
“A remuneração executiva tende a subir ou permanecer estável, de modo que toda vez que ela cai é o início de uma tendência digna de atenção”, diz Russell Miller, sócio da ClearBridge.
A safra de assembleias anuais de acionistas de 2011 é a primeira a registrar evidências do efeito das novas regras, apelidadas de “say on pay”, introduzidas como parte das reformas impostas pela Lei Dodd-Frank no ano passado. A expressão designa um maior poder de decisão dos acionistas sobre os salários dos executivos de suas empresas.
Quase 40 companhias, incluindo AT&T, Walt Disney e OfficeMax, eliminaram os benefícios fiscais que sob certas circunstâncias elas concediam aos executivos.
Ao mesmo tempo, a General Electric alongou e endureceu os termos do plano de opções de ações para Jeffrey Immelt, seu presidente-executivo, respondendo a críticas dos acionistas antes da assembleia anual marcada para hoje.
Uma parcela do prêmio de US$ 7,4 milhões em opções que seria garantida legalmente em 2013 foi empurrada para 2015, e todo o prêmio somente poderá ser usufruído se a companhia atingir suas metas de desempenho.
As companhias também estão reduzindo os múltiplos de salário pagos aos presidentes-executivos como parte de pacotes de indenização. Além disso, as empresas estão adotando cláusulas para restituir pagamentos de bônus em uma data posterior. Das 79 companhias que revelaram restituições para executivos, 34 adotaram ou reforçaram essas cláusulas.
As revelações sobre a remuneração nos documentos enviados aos investidores antes das assembleias anuais de acionistas melhoraram. “As companhias vêm decidindo por conta própria pensar em suas histórias”, diz Robin Ferracone, da consultoria Farient Advisors.
A General Electric colocou um resumo de seu programa de remuneração no início de sua “proxy statement”.
Várias companhias, incluindo a Kimberly-Clark e a Lockheed Martin, anteciparam as exigências futuras sobre as regras “say on pay”, adicionando uma comparação dos retornos totais dos acionistas com a remuneração do presidente-executivo.
* por Dan McCrum | Financial Times, de Nova York / Valor Econômico