Empresas familiares precisam adotar novas prioridades
A maioria dos clientes e funcionários de hoje pertence aos millennials e à geração Z, cujos valores diferem da geração anterior
A confiança tem sido – e continua sendo – uma vantagem competitiva vital, que diferencia as empresas familiares de outras empresas. Encontrar maneiras de proteger e alimentar esse bônus de confiança é essencial para alcançar as ambiciosas metas de longo prazo que os participantes da pesquisa dizem buscar: 84% dos brasileiros esperam crescer nos próximos dois anos (77% no mundo); 12% esperam crescer “rápida e agressivamente” (14% no mundo). Além disso, 54% dos líderes brasileiros dizem que a expansão para novos mercados é a principal prioridade (51% no mundo).
A forma como as empresas constroem confiança nos negócios vem passando por mudanças rápidas e importantes. Questões ambientais, sociais e de governança (ESG) se tornaram provas de fogo, para todos, inclusive clientes e funcionários. Isso também aconteceu com os aspectos de diversidade, equidade e inclusão (DEI). A maioria dos clientes e funcionários de hoje pertence aos millennials e à geração Z, cujos valores diferem da geração anterior – os baby boomers. As empresas familiares, que por anos contaram com um bônus de confiança construído ao longo de gerações, demoraram a entender a mensagem.
De acordo com o sócio e líder de Serviços para Empresas Familiares da PwC Brasil, Carlos Mendonça, a mensagem da pesquisa deste ano é clara: as empresas familiares precisam não só promover transformações para construir confiança, mas também aumentar sua exposição. “Para isso, devem tornar seus esforços visíveis e comunicá-los claramente aos seus stakeholders, que hoje incluem não apenas clientes, funcionários e familiares, mas também o público em geral.”
Segundo ele, os líderes de empresas familiares sabem que o sucesso e a vantagem competitiva de seus negócios estão baseados, acima de tudo, na credibilidade que transmitem para clientes, funcionários, familiares e o público em geral. A pesquisa aponta que “eles estão se esforçando para priorizar essa construção no relacionamento com todos os grupos, mas podem perder a oportunidade de explicar claramente a missão, os valores e o impacto de suas empresas”.
A confiança começa a ser construída dentro da empresa, com os funcionários. Os negócios familiares entendem a importância dessa questão: 70% dos brasileiros dizem que ela é essencial, em comparação com 68% no mundo.
A pesquisa deste ano usa um modelo desenvolvido por Sandra J. Sucher, professora de Administração da Harvard Business School e autora, com Shalene Gupta, do livro “The Power of Trust”. O objetivo é avaliar se as empresas familiares estão adotando a melhor abordagem existente atualmente para construir confiança.
O modelo identifica quatro pilares de confiança: competência (a empresa é boa no que faz?), motivo (a empresa serve a interesses de quem?), meio (como a empresa atinge seus objetivos?) e impacto (quais são os resultados tangíveis da empresa, em contraste com os que ela alega ter?). A forma como os entrevistados responderam às perguntas revela uma desconexão entre as visões tradicionais sobre confiança e o efeito delas no modo como as empresas familiares operam hoje – o que evidencia os aspectos e como elas precisarão se transformar para preservar seu legado.