Empresas elegem expansão geográfica como prioridade
De acordo com pesquisa da Ernst & Young, o principal fator para o crescimento da maioria (41%) de 40 empresas entrevistadas é a expansão geográfica no Brasil, assim como pela América Latina. Essas companhias são de várias nacionalidades e tiveram investimentos de fundos de private equity – fundos de participação em empresas.
No total foram consultados 70 negócios, sendo que a maior parte, 57%, possui valores corporativos menores que US$ 100 milhões, e o restante (43%), maior que US$ 100 milhões. Neste último caso, 47,8% apontaram também como principal componente de crescimento de sua empresa a expansão geográfica.
Segundo o líder da área de fusões e aquisições da Ernst & Young, Viktor Andrade, no Brasil, esse fator está ligado com o aumento do potencial de consumo da população nos últimos anos. “O nosso maior ativo é o mercado consumidor interno”, afirmou durante evento da Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.
A política de distribuição de renda feita desde o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, como a criação do Bolsa Família, possibilitou o surgimento da nova classe C, mas também aumentou o poder de compra da classes D e E.
Outra pesquisa feita pela Ernst & Young revela que enquanto em 2002, 9% dos que estavam na classe D tinham máquina de lavar roupa, em 2012 esse número passou para 37%. Outro resultado expressivo é que há dez anos 2% possuíam computador. No ano passado, esse percentual chegou a 35%, sendo que em 2002, 0,80% tinha acesso à Internet, e após uma década, 30% têm.
Segundo Andrade, com esses resultados, as regiões brasileiras puderam crescer, em média ao ano, algo semelhante ao Produto Interno Bruto (PIB) chinês, o que atraiu investimentos. De 2000 a 2010, a economia do Norte aumentou 14,6%, seguida pela expansão do Centro-Oeste, de 13,5 e pelo crescimento do Nordeste, de 13,2%. O PIB do Sul subiu 12,3% no período, e a economia do Sudeste teve alta de 11,7%.
Com relação aos estados, o avanço das regiões e a atração de investimentos fizeram, por exemplo, com que o número de empresas do setor de serviços no Pará subisse 9,8% entre 2003 e 2011 – o maior crescimento entre os estados -, ao passar de 2.342 para 4.949 unidades. Da mesma forma, o volume de negócios paraenses no comércio foi o que mais aumentou: 10,5%, de 4.405 unidades para 9.800, no período.
INFRAESTRUTURA
Por outro lado, o líder da área de fusões e aquisições da Ernst & Young afirmou que o País está no momento que o fato do mercado consumidor interno ser nosso principal ativo “começa a se exaurir”. Para ele, o foco para a retomada do crescimento econômico do Brasil é o investimento em infraestrutura, que arrefeceu nos últimos três anos. “A infraestrutura é a única chave que pode destravar a economia nos próximos anos”, entende.
Andrade comenta que o consumo ainda tem espaço no mercado nacional e internacional, mas não produz mais os mesmos efeitos para a expansão do PIB brasileiro. Este cenário pode ser explicado pelo fraco crescimento desde 2011 – de 2,7% passando para alta de 0,9% em 2012 – e a previsão para este ano – de 2,47%, segundo o último relatório Focus, do Banco Central (BC).
Ele explica que o modelo de crescimento baseado no consumo se exauriu a partir do endividamento da população, quando a velocidade do primeiro passou a ser maior que o ritmo de expansão do próprio PIB, comprometendo a formação de capital. “A expectativa é não ter o mesmo boom de crescimento do mercado consumidor, porque o brasileiro ainda não aprendeu a lidar com a inadimplência”, disse.
Dessa forma, eliminar os gargalos da produtividade, que são significativos na falta de infraestrutura, é a única alternativa, na opinião do especialista.