Empresários cobram Estado defensor do sistema produtivo
Política tributária mais justa com carga compatível a cada setor, governos menos gastadores, redução do tamanho do Estado na vida da população, retomada da posição de referência mundial, crescimento do PIB, investimentos e, principalmente, líderes com olhar ético, justo e sem corrupção. Essas foram algumas das prioridades da pauta para o país e para o Estado apontadas por empresários e executivos que acompanharam palestras de oito pré-candidatos à Presidência da República e ao governo de Minas durante o nono Conexão Empresarial que termina hoje em Tiradentes, na região Central do Estado.
O presidente da Drogaria Araujo, Modesto Araujo, disse que agora a única chance de o Brasil melhorar é votando bem. “Temos que trabalhar para colocar empresários de sucesso e tirar todo e qualquer político porque precisamos de gente trabalhando para o Brasil, e não gente trabalhando para si próprio”, defendeu Araujo, que é partidário dos candidatos do Novo. Para o empresário, é preciso uma reforma tributária urgente.
Sergio Leite, que comanda a Usiminas, disse que estamos vivendo um ano de muita expectativa e incertezas. “Precisamos trazer o país para uma posição de referência em nível internacional, para uma posição de ética. O Brasil precisa avançar nos próximos anos. Ficamos muito parados porque perdemos em PIB, perdemos em qualidade de vida e tivemos desemprego elevado. Estamos confiantes que vamos ter condições em Minas e no Brasil de construir um futuro para todos nós”, apontou o presidente da siderúrgica com 55 anos de operação em Minas Gerais. Para Leite, o que tira a competitividade no mercado global é a excessiva carga tributária no Brasil, que também depende de melhorias na logística.
Márcio Cadar, CEO do Grupo MBK – responsável pelo fundo de investimento que está captando recursos para o Aeródromo Inhotim, em Betim (MG) –, espera que o novo governo diminua o tamanho do Estado brasileiro e que faça crescer a força do Estado com a iniciativa privada. “Queremos ver menos corrupção. A ideia é que os próximos presidente e governador possam ter o apoio para que façam os ajustes necessários fiscais, porque é um Estado que gasta muito e que não tem um alinhamento com o empresário”, criticou.
Sérgio Frade, presidente da Solutions Gestão de Seguros, disse que o país vive um momento crucial da economia. “Teremos uma das eleições mais difíceis que o Brasil já vivenciou, então temos esperança que poderemos identificar pessoas que tenham ética e um olhar voltado para o bem comum”, apontou o empresário. Para evitar uma convulsão do país, ele defendeu a união para reorganizar as forças da sociedade.
Na visão de Flávio Bernardes, sócio da Bernardes & Advogados Associados, o tendão de aquiles do país e de Minas Gerais está na questão tributária que, com a greve dos caminhoneiros, ficou mais evidente para as pessoas que não têm contato com o dia a dia da operação e passaram a se interessar. “Precisamos de uma reforma para remodelar a estrutura tributária do país, tornando a carga mais justa, tirando do consumo (como mostrou na greve dos caminhoneiros), baixar ICMS, cobrar mais de quem precisa e realinhar a organização financeira do Estado”, reivindicou.
O fundador do Grupo Klus – de moda masculina e uniformes corporativos –, Salvador Ohana disse que a expectativa é muito grande para as próximas eleições. “Políticos têm que falar e fazer o que a sociedade precisa. É preciso que os políticos deixem que o empresariado trabalhe tranquilo, que não entrem nos nossos negócios para que o PIB cresça . Estamos estagnados”, advertiu. Não atrapalhar os negócios, segundo Ohana, “é ter uma carga tributária compatível ao negócio de cada setor, e não privilegiar alguns segmentos em detrimento de outros, e deixar as pessoas crescerem e trabalharem”.
Fonte: O Tempo