Em 2016, 13 milhões de brasileiros viviam na extrema pobreza, diz IBGE
Mais de 13 milhões de brasileiros viviam em condição de extrema pobreza, em 2016, segundo critérios do Banco Mundial, e tinham disponíveis para consumo no máximo R$ 133,72 mensais, o equivalente a R$ 4,45 por dia, conforme a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa, que usa parâmetros do Banco Mundial para definir linhas de pobreza, constatou que dos 205 milhões de brasileiros residentes em domicílios particulares em 2016, 6,5% viviam com o equivalente a US$ 1,90 por dia, o que é considerada uma condição de extrema pobreza.
A situação é ainda mais grave nas regiões mais carentes do país, mostrou a pesquisa.
“Quem está mais exposto a esses níveis de pobreza são aquelas pessoas de regiões mais pobres, mais carentes e com menos investimentos em saúde, educação, saneamento, habitação e outras condições elementares para o bem estar de um cidadão”, disse a jornalistas a pesquisadora do IBGE Barbara Soares.
“Mulheres, pretas ou pardas, mais jovens e que moram em um domicílio com filhos são o perfil desses mais pobres do Brasil”, acrescentou a pesquisadora.
De acordo com a pesquisa, 11,2% dos 17,4 milhões de brasileiros que viviam na Região Norte do Brasil estavam em situação de pobreza extrema e viviam com até R$ 4,45 por dia. No Nordeste, região de 56,7 milhões de pessoas, 12,9% das pessoas estavam na condição de pobreza extrema.
Não à toa, de acordo com o IBGE, os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, têm forte presença no Norte e no Nordeste.
Em outra linha de corte para se medir a pobreza do país, o IBGE identificou que cerca de um quarto da população vivia diariamente com até US$ 5,5.
A pesquisa apontou ainda que 12,1% dos brasileiros viviam com uma renda mensal per capita de até R$ 220, equivalente a um quarto do salário mínimo, e 17,8% tinham uma renda mensal disponível entre R$ 220 e R$ 440.
A Síntese do IBGE mostrou ainda que cerca de dois em cada três brasileiros tinham ao menos uma restrição considerada essencial para o bem-estar de uma pessoa. As pessoas idosas e mulheres pardas ou negras com filho e sem marido eram as mais afetadas por essa restrição de acesso a itens fundamentais como educação, proteção social, condições ideais de moradia, saneamento básico e internet.
Segundo o estudo, essas pessoas com restrição de acesso estão na chamada pobreza multidimensional.
“Renda para uma pessoa é importante, mas o que é importante para uma pessoa é justamente o acesso ao essencial e a realização de direitos. Esse é um olhar para além da questão monetária. Isso é uma medida de bem-estar da população”, disse Barbara Soares.