Em 10 anos, crédito cresce 500% no País
Em dez anos, o volume de crédito cresceu 500% no País. No mesmo período, as taxas de juros das operações de crédito com recursos livres recuaram 30,2 pontos percentuais. O spread bancário desceu 16,5 pontos porcentuais e o prazo de financiamentos aumentou de 7,3 meses para 38,4 meses. Os números foram divulgados ontem pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças. Administração e Contabilidade (Anefac).
O volume de crédito, segundo a entidade, elevou sua participação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) de 24,7% em 2003 para 55,2% em 2013. O volume total, considerando recursos livres e direcionados, atingiu em junho deste ano R$ 2,531 trilhões, valor 563% maior que os R$ 381,367 bilhões de junho de 2003. Neste período, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 70,57%.
As operações de crédito no segmento de recursos livres atingiram R$ 1,445 trilhão em junho de 2013 contra R$ 214,732 bilhões em junho de 2003, com um crescimento de 573%. O crédito para pessoa jurídica avançou 452% no período, saindo de um volume de R$ 132,209 bilhões para R$ 730,332 bilhões no período. Para pessoa física, o volume atingido em junho deste ano chegou a R$ 715,264 bilhões, mostrando um crescimento de 766,7% sobre os R$ 82,523 bilhões em junho de 2003.
Já as taxas de juros das operações de crédito com recursos livres estavam em junho de 2013 em 26,5% ao ano contra 56,7% ao ano em junho de 2003, mostrando uma redução de 30,2 pontos porcentuais. Na pessoa jurídica, as taxas de juros atingiram, em média, 19,3% ao ano em junho último contra 38,6% ao não em junho de 2003, numa redução de 19,3 pontos porcentuais no período.
Spread Bancário
Com relação ao spread bancário, o estudo da Anefac constatou que a taxa para os créditos pessoa física e jurídica, que em junho de 2003 estava em 33,2% ao ano, em junho deste ano estava em 16,7%, com queda de 16,5 pontos porcentuais. Para pessoa jurídica caiu a 10,1% em junho deste ano ante 14,7% em junho de 2003 e para pessoa física, caiu de 58,5% ao ano em junho de 2003 para 24,5% ao ano em junho de 2013.
Prazos
Em geral, o prazo dos financiamentos apresentou em junho deste ano 38,4 meses, em média, ante 7,3 meses em junho de 2003, com uma elevação de 31,1 meses correspondente a uma elevação de 426% no período.
Para o consultor econômico da Associação Comercial do Paraná (APC), Cláudio Shimoyama, este conjunto de fatores que permitiu a expansão do consumo no País não é sustentável. “O cenário já não é mais o mesmo. As taxas de juros já voltaram a crescer, o crédito está mais restrito, o prazo para financiamento não é mais tão longo”, enumera.
O economista e professor universitário Vanderlei Sereia concorda. “A economia mundial está tentando se recuperar da crise. Somente quando houver uma recuperação de fato, com novos investimentos, é que o crédito voltará a crescer”, acredita.
Já o diretor da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Brasílio Fonseca, afirma que o Brasil soube utilizar bem as ferramentas macroeconômicas para estimular o investimento. “Isso foi importante para garantir taxas de crescimento significativas. Mas a crise global de 2008 abalou a série de bons resultados e tornou as coisas mais restritas”, avalia. O desafio do País, segundo ele, é defender o equilíbrio fiscal e estimular o setor produtivo para que “os índices positivos voltem a ser tão positivos quanto os do período pré-2008”. (Com Agência Estado)
Folha Web