Economia fraca pode falir o pequeno varejista
Os pequenos e médios varejistas terão um ano complicado pela frente. Com a perspectiva de poucas mudanças no atual cenário econômico e ajustes restritivos feitos pelo governo brasileiro, algumas empresas poderão até fechar suas portas ao longo de 2015.
“Não há como fazer uma previsão ou dar uma porcentagem do número de empresas que podem fechar as portas. O que podemos afirmar é que algumas companhias não conseguirão ultrapassar os momentos que virão”, disse o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) ao DCI, Fabio Pina.
Na semana passada, grandes players do setor sinalizaram um 2015 complexo, sem a perspectiva de melhoras até 2016 e segundo Pina, essa percepção de menor confiança na economia surte efeitos negativos. “Faz quatro anos que as vendas estão mostrando desaceleração e isso já fez algumas empresas perderem a saúde financeira de suas operações”, comenta.
A entidade estima que o índice oficial de inflação (IPCA) ficará em torno de 6%, ante os 6,5% previstos para este ano, enquanto a taxa Selic deve atingir 12%. A cotação do dólar continuará pressionada e deve fechar o ano em R$ 2,60, ante a expectativa de R$ 2,50 para o fim de 2014.
Ainda segundo balanço da Fecomercio-SP, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer 1% – a alta esperada para 2014 é de apenas 0,5%.
Remédio amargo
Para Fabio Pina, se os ajustes não forem feitos, a situação econômica se tornará insustentável. “É o momento de se fazer sacrifícios”, disse. O economista comparou as concessões que terão de ser feitas em 2015 com a troca de automóvel de uma família brasileira. “Se você vai trocar o carro é necessário abrir mão de algumas coisas. Se continuar a gastar com viagens, compras e outras coisas, você não concretizará a meta estipulada”.
Questionado sobre erros cometidos pelo governo anteriormente, Pina afirmou que nada foi em vão, mas que agora houve o entendimento de que as ações devem ser mais rígidas. “O tom agora é de mudança. Eles mudaram a prescrição para o remédio do crescimento”, argumentou.
Ajuda
Segundo ele não existe uma formula mágica para passar pela “tempestade”, mas planejamento é sempre bem vindo em momentos de crise. “Se você sabe que as vendas estão fracas não adianta você ter excesso de estoque. Controlar os custos operacionais, mesmo sendo difícil, ajuda na manutenção do negócio”, explicou.
Para o economista da Fecomercio-SP, o maior vilão do comércio continuará sendo o governo e o custo do trabalho. “A tributação é muito alta no País e o custo da mão de obra tem crescido, muito mais que a receita das empresas”.
Perspectivas
Perspectiva feita pela Fecomercio apontou também que, com o cenário macroeconômico mais cauteloso, os consumidores devem evitar novos endividamentos e os bancos devem manter a seletividade na concessão de crédito. Iniciativas essa vistas ao longo deste ano.
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), até o fim de 2014, deve cair 19,1% em relação a 2013. Um dos fatores que mais influenciaram o desempenho no ano foi à aceleração da inflação. Com menor demanda, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) deve fechar dezembro em 102,9 pontos e, na média geral do ano, cair em 9,2% em relação ao verificado em 2013. A intenção de consumo permanecerá arrefecida também.
É provável ainda que, em 2015, as contratações no varejo permaneçam em ritmo lento, como indica a Pesquisa de Emprego na região metropolitana de São Paulo (PESP). Enquanto em 2013 o melhor desempenho das vendas resultou em um aumento de 1,3% no estoque de empregados, no mesmo período de 2014 o avanço deverá ser de apenas 0,7%.
DCI