Dólar fecha em alta com investidores cautelosos com atuação do BC
O dólar à vista, referência nas negociações do mercado financeiro, fechou esta terça-feira (23) em alta de 0,20%, cotado a R$ 2,020 na venda. A valorização da moeda acendeu o sinal amarelo para uma possível intervenção do Banco Central.
O movimento de alta do dólar se deu apesar da divulgação de um indicador positivo do mercado imobiliário americano, o que deveria aumentar o otimismo dos investidores e diminuir a procura pela moeda, considerada uma aplicação mais segura.
Essa foi a segunda alta consecutiva do dólar, apesar do bom humor visto nos mercados internacionais. Com este avanço, especialistas começam a monitorar se haverá atuação do Banco Central no câmbio, a fim de reduzir a cotação da moeda.
A última interferência da autoridade nesse mercado foi em 27 de março, quando o BC promoveu um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a venda de dólares no mercado futuro, para abaixar a cotação do dólar, que chegou a R$ 2,026 no mercado à vista.
“A cotação do dólar também pode estar subindo porque há muita desconfiança com as medidas do governo”, diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
“Parte dos recursos externos que deveriam vir para o Brasil está correndo para países como o México, que fez a lição de casa e sua economia está crescendo. Acho que muito disso reflete o medo do investidor estrangeiro com a série de interferências que o governo brasileiro está fazendo na economia”, disse.
Aumento no juro básico, corte de impostos e intervenções no câmbio, são alguns dos fatores que, segundo Galhardo, têm assustado os investidores.
“O problema não está na medida em si, mas, sim, no ritmo em que eles estão sendo tomadas. O governo tem atuado constantemente em diversos segmentos da economia, o que deixa o mercado com a sensação de que há um certo descontrole”, completou.
INDICADORES
Nos Estados Unidos, foi registrada a venda de 417 mil novos imóveis em março deste ano, número superior aos 411 mil vistos em fevereiro e também acima dos 415 mil previstos pelo mercado.
O número trouxe alívio aos investidores, que haviam começado o dia com notícias negativas trazidas pelas quedas no Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) da Alemanha e da China.
Apesar disso, o resultado preliminar do PMI que consolida o desempenho empresarial de toda a zona do euro, compilado pelo Markit, subiu para 46,6 em abril ante 46,4 em março, abaixo da linha que separa crescimento de contração, mas igualando a expectativa de economistas.
Folha do São Paulo