Dilma tende a seguir com Mantega e mudar Receita
Presidente eleita elogia atuação na crise, mas faz reparos a áreas da Fazenda. Cartaxo deve deixar o cargo devido a quebra de sigilo de tucanos, e titular do Tesouro pode integrar governo Tarso.
Dilma Rousseff tende a aceitar a sugestão de Lula e manter Guido Mantega no Ministério da Fazenda, mas vai mudar sua equipe de auxiliares. A presidente eleita quer escolher diretamente os nomes para comandar a Receita e o Tesouro Nacional.
Ela disse a auxiliares que Mantega é o favorito graças ao desempenho no combate à crise econômica internacional, mas faz alguns reparos.
Para Dilma, o ministro não conseguiu controlar a Receita no caso da quebra de sigilo fiscal dos tucanos e deixou de adotar medidas de redução de gastos públicos.
Por isso, mantendo Mantega, ela vai substituir o secretário da Receita, Otacílio Cartaxo. Ela quer blindar o órgão contra crises e acabar com disputas internas.
Cartaxo está queimado no Palácio do Planalto por conta da condução das investigações da quebra de sigilo do tucano Eduardo Jorge e de amigos e familiares de José Serra, episódio que desgastou Dilma na campanha.
A Receita chegou a informar ao presidente que a quebra do sigilo de Verônica Serra, filha do tucano, havia sido legal, quando já tinha indicações de que havia sido feita com procuração falsa.
Para o Tesouro, Dilma quer indicar alguém que transmita ao mercado a mensagem de que seu governo irá cumprir a meta de superavit primário de 3,3% do PIB.
O atual secretário, Arno Augustin, tem a confiança de Dilma, mas deve ir para o governo de Tarso Genro (RS).
No caso do Banco Central, a presidente eleita analisa se promove a presidente o diretor de Normas, Alexandre Tombini, ou indica um operador de mercado.
Dilma pretendia indicar um primeiro bloco de ministros -incluindo a Casa Civil e a área econômica- até o fim do mês, mas, segundo assessores, pode anunciar a equipe toda em dezembro.
Outra mudança analisada pela petista é desidratar a Casa Civil, hoje com atribuições executivas, e transformá-la em uma pasta de estrito assessoramento presidencial.
Essa alternativa jogaria a gestão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para outra área, como o Ministério do Planejamento, desenho que aumentaria a cotação de Miriam Belchior para o comando da pasta.
Se esse desenho de uma Casa Civil mais técnica vingar, Maria das Graças Foster, diretora de gás da Petrobras, teria o perfil mais indicado para assumir o posto.
* Folha de S.Paulo