Dilma atua para desarmar ‘bombas fiscais’
Em reuniões com Temer e Marco Maia, ela tratou da necessidade de frear projetos do Congresso que aumentariam gastos. Após nova retração da indústria, presidente também quer elevar investimentos em cinco áreas de infraestrutura.
Preocupada com os dados negativos da economia, como a nova retração da indústria, a presidente Dilma Rousseff atua em duas frentes para evitar que a recuperação econômica projetada para o segundo semestre seja abortada.
A primeira iniciativa foi assumir pessoalmente as articulações para desarmar as “bombas fiscais” do Congresso, um conjunto de projetos de aumento dos gastos.
A segunda foi dar início à montagem de programas de aumento de investimento em aeroportos, portos, rodovias, ferrovias e energia.
Na primeira frente, Dilma conversou anteontem com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e, ontem à noite, com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), apontado por críticos do próprio governo como um dos incentivadores de “aventuras”.
As articulações já surtiram efeito e, ontem, essas “bombas” foram retiradas da pauta. Pouco antes da reunião, Maia negou atuar para elevar gastos e criticou a imprensa.
Para ele, “alguns veículos de comunicação” primeiro criticam a falta de autonomia do Congresso e depois atacam os parlamentares por desobedecerem o governo.
Para agradar congressistas, Dilma também orientou sua equipe a liberar cerca de R$ 4,5 milhões, por parlamentar, para atender às emendas que eles fazem ao orçamento, um volume que pode chegar a R$ 2,7 bilhões.
Dilma tem dito a aliados, porém, que não é possível bancar os pedidos de aumento salariais de servidores.
Reajustes, hoje em discussão no Congresso, podem custar R$ 10 bilhões no ano que vem, disse ontem a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
As outras “bombas fiscais” em tramitação são a criação do piso salarial para agentes de saúde, redução da jornada de trabalho de enfermeiros e o uso de 10% do PIB para educação.
* Folha de São Paulo