Desaquecimento do mercado levou governo a manter IPI, diz Anfavea
A desaceleração das vendas no início do ano foi o principal argumento usado pela indústria automobilística para convencer o governo a não subir neste mês as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros.
A Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no país, manifestou a necessidade de manter reduzido o tributo para retomar a velocidade de crescimento apresentada pelo setor no ano passado, informou nesta quinta-feira (4) o presidente da associação, Cledorvino Belini.
Depois de fechar 2012 com alta de 4,6%, as vendas de veículos no país – entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – tiveram a taxa de crescimento reduzida para 1,5% no primeiro trimestre, abaixo das projeções traçadas pela Anfavea, que apontam para uma evolução de 3,5% a 4,5% dos emplacamentos neste ano.
“Não é um mau número [o crescimento de 1,5% no primeiro trimestre], mas para chegar a 4,5% foi necessária essa medida do IPI”, disse Belini a jornalistas após a apresentação do balanço da indústria automotiva em março.
Segundo o executivo, o mercado também não mostrou o vigor que se esperava no mês passado, quando os licenciamentos de veículos cederam 5,5%, comparativamente ao mesmo período de 2012. Para compensar o tímido desempenho dos três primeiros meses do ano e chegar às metas estabelecidas pela Anfavea, as vendas terão que evoluir a um ritmo de 4% a 5% a partir de agora.
O tema do IPI foi abordado na reunião que Belini teve na quinta-feira da semana passada com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo. Porém, na ocasião, o executivo desconversou sobre a possibilidade de o governo não dar continuidade à retirada gradual dos descontos do imposto, informando que o encontro havia sido marcado para discutir a reestruturação do sistema de leasing de veículos.
Dois dias depois, no sábado, foi anunciada a manutenção do tributo até o fim do ano. Belini, que deixa a presidência da Anfavea no próximo dia 22, após cumprir o mandato trienal da entidade, disse que o Planalto não cobrou contrapartidas, como a manutenção de empregos, para tomar a decisão. O executivo segue confiante numa evolução de até 5% das vendas, superando as estimativas oficiais da entidade.
Valor Econômico