Decisões de investimento no Brasil devem ser adiadas, dizem empresários
Embora já fosse esperado pelo mercado, o anúncio de rebaixamento do Brasil feito pela agência de classificação de risco Fitch nesta quarta-feira (16) vai interferir nas decisões de investimentos, segundo empresários e banqueiros ouvidos pela Folha.
O empresário Lawrence Pih, que neste ano vendeu o Moinho Pacífico, um dos maiores importadores de trigo do país, e passou a buscar novos investimentos nos setores de saúde, educação e infraestrutura no país, estima que os preços dos ativos no Brasil ainda vão se deteriorar muito e, por isso, investidores vão esperar antes de tomar decisões.
“Vamos prospectar nos próximos dois anos e vai ter ativos no Brasil muito baratos para comprar”, afirmou. “Você pode aguardar por falências e recuperações judiciais em grande quantidade.”
O empresário diz que já teve sinalização de pessoas interessadas em conversar sobre possíveis negócios, mas conclui: “Dada a situação do país, não temos nem um pouquinho de pressa”.
Pih diz que fará sua investida “no momento oportuno”.
Para Marco Antonio Bologna, presidente do Banco Fator, o “quadro institucional complexo” aprofunda as incertezas.
“Essa percepção não é só do investidor lá fora. Acontece com todos, com a pessoa física que decide não trocar de carro. É esperar para ver.”
CAPITAL MUITO CARO
Segundo Bologna, fatores como a imprevisibilidade regulatória e dúvidas sobre o futuro da CPMF, do combustível e do ministro da Fazenda Joaquim Levy, entre outras, contribuem para o compasso de espera.
“E a remuneração do dinheiro não tem retorno melhor com a possibilidade de alta dos juros”, diz.
Para Ricardo Lacerda, sócio-fundador do BR Partners Banco de Investimento, o rebaixamento é “mais uma luz vermelha sinalizando o caos” em que se transformou o Brasil, e as perdas podem ser irreversíveis.
“A economia está em queda livre e, mantido o atual ritmo de deterioração, teremos um retrocesso irreversível. O país precisa urgentemente de um governo, seja com esse ou o próximo”, diz Lacerda.
Ele pondera que uma parte dos investidores já interpreta que o preços dos ativos já estão atraentes.
“Tem de tudo. Tem gente achando que a oportunidade já chegou e aumentou o movimento”, diz.
Folha de São Paulo