23/06/2009
Crise financeira mundial afeta 63% das MPEs brasileiras
SÃO PAULO – A crise financeira internacional atingiu 63% das micro e pequenas empresas brasileiras. Assim, de cada 100 MPEs do País, 63 tiveram ou ainda estão com dificuldades para lidar com os reflexos causados pela crise econômica mundial, como a queda da demanda e o crédito mais caro.
Esses dados fazem parte da pesquisa Impacto da Crise Financeira Internacional nas MPEs brasileiras, realizada entre março e maio deste ano pelo Sebrae-SP com 4,2 mil micro e pequenas empresas de todo o território nacional.
De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella, a crise internacional produz efeitos piores para as atividades que dependem de financiamento, caso da indústria e do agronegócio voltado para a exportação. “As atividades que dependem mais da renda do consumidor sentem menos os efeitos da crise como, por exemplo, os setores de comércio e o de serviços. Esta deve ser a tendência para todo o ano de 2009”.
Impactos da crise
O estudo também constatou que a queda da demanda foi sentida por 60% dos empresários entrevistados. Outros 45% dos consultados citaram as taxas de juros para a concessão de crédito, que incluem as taxas de juros elevadas (45%) e a dificuldade em conseguir financiamento, relatada por 40% dos empresários.
O estudo também constatou que a queda da demanda foi sentida por 60% dos empresários entrevistados. Outros 45% dos consultados citaram as taxas de juros para a concessão de crédito, que incluem as taxas de juros elevadas (45%) e a dificuldade em conseguir financiamento, relatada por 40% dos empresários.
“O problema do crédito não é exclusividade de tempos de crise. As micro e pequenas empresas possuem dificuldades de oferecer garantias e apresentar todos os documentos exigidos na hora de recorrer a um financiamento”, explica Tortorella.
Além disso, 33% dos entrevistados citaram o aumento no preço dos importados. Já 24% relataram a redução dos prazos de pagamento.
Por outro lado, apenas 2% dos empresários apontaram o aumento da inadimplência dos clientes, demissões, queda dos lucros e das exportações como reflexos da crise mundial em seus negócios.
Setores
A indústria foi o setor com maior proporção de micro e pequenas empresas atingidas pela crise mundial, com 67%, seguida pelas atividades do Comércio (66%) e de Serviços (56%).
A indústria foi o setor com maior proporção de micro e pequenas empresas atingidas pela crise mundial, com 67%, seguida pelas atividades do Comércio (66%) e de Serviços (56%).
“A crise financeira internacional afetou com mais intensidade as atividades industriais, por serem mais dependentes das exportações e dos empréstimos bancários, seja para financiar capital de giro ou para alavancar suas vendas no mercado”, explica o economista do Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê.
Os segmentos industriais mais afetados pela crise foram os bens de consumo duráveis (máquinas e aparelhos elétricos) e bens de capital (máquinas e equipamentos). “Em momentos de incerteza econômica, essas indústrias costumam ser as mais atingidas porque estão atreladas a duas variáveis: produto com alto valor unitário e concessão de crédito para vender. É o caso, por exemplo, de uma pequena indústria que produz móveis e que vende uma estante por R$ 1.500 (valor unitário alto) por meio de crediário”, ressalta o economista.
Já no comércio o efeito psicológico dos consumidores influenciou a queda da demanda. “No comércio, além do aspecto do crédito mais caro e difícil, pesou a maior incerteza e o efeito psicológico sobre os consumidores, que reduziram ou postergaram suas compras de longo prazo”, analisa Bedê.
Regiões
Na avaliação regional, 64% dos donos de empresas do Sudeste e Centro-Oeste disseram que foram os mais atingidos pelos efeitos da crise econômica internacional nos seus negócios. “São regiões com concentração de indústria e de agronegócio voltado para exportação, que sofreram mais com a queda do nível de atividade e do consumo no exterior”, complementa Tortorella.
Na avaliação regional, 64% dos donos de empresas do Sudeste e Centro-Oeste disseram que foram os mais atingidos pelos efeitos da crise econômica internacional nos seus negócios. “São regiões com concentração de indústria e de agronegócio voltado para exportação, que sofreram mais com a queda do nível de atividade e do consumo no exterior”, complementa Tortorella.
A pesquisa também revelou que 62% dos empresários da região Sudeste tiveram queda de demanda. No Sul, o impacto foi menor (57%).
Já na análise por estado, Goiás apresentou o maior índice de empresas afetadas pela crise: 72% dos empresários da unidade federativa disseram que foram ou estão sendo atingidos pela crise. Em contrapartida, os empresários de Santa Catarina relataram que foram os menos afetados.
Expectativas
Passados nove meses do início da crise mundial, 42% dos donos de micro e pequenas empresas afirmam que não houve melhora na oferta de recursos bancários para empréstimos. Outros 30% consideram que a oferta de crédito melhorou, enquanto 28% não opinaram.
Passados nove meses do início da crise mundial, 42% dos donos de micro e pequenas empresas afirmam que não houve melhora na oferta de recursos bancários para empréstimos. Outros 30% consideram que a oferta de crédito melhorou, enquanto 28% não opinaram.
Para 45% dos empresários entrevistados da região Norte, não houve melhora na oferta de crédito. Na região Sul, o índice foi de 37%. Por outro lado, 34% das MPEs do Centro-Oeste sentiram que há mais recursos disponíveis no mercado.
Nos próximos seis meses, 46% dos empresários entrevistados acreditam que o seu faturamento irá aumentar. Quanto a possíveis demissões, 67% dos proprietários de MPEs disseram que manterão o seu quadro atual de funcionários.
“A boa notícia é que o Brasil faz parte do mundo globalizado. Além disso, o empreendedor brasileiro é persistente, ousado e disposto a correr risco. Isso tudo pesa muito em momento de crise”, finaliza Tortorella.
Fonte: InfoMoney
Postado por: