Credenciadoras têm planos e serviços específicos para microempreendedores
Máquinas de cartão com condições diferenciadas são opção para varejistas com capital de giro restrito ou fluxo de caixa intermitente
Em meio ao atual cenário de recessão, credenciadoras de cartões enxergam nos micro e pequenos empreendedores um mercado potencial para expandir sua atuação. A fim de atrair esse público, elas oferecem portabilidade e prometem taxas compatíveis com a condição financeira de pequenos negócios, nas vendas parceladas e à vista.
A tabela ao lado (clique na imagem para ampliar) elenca várias opções de equipamentos e planos disponíveis no mercado.
A escolha deve levar em conta as características do negócio, como o volume e a frequência de vendas, o tíquete médio, o ritmo do fluxo de caixa e o capital de giro disponível.
Segundo a assessora econômica da FecomercioSP, Fernanda Della Rosa, o lojista deve analisar os seguintes custos preço do equipamento, prazo de recebimento e tarifas nas vendas a crédito e na modalidade débito. Tudo isso tendo em mente o faturamento anual.
“O pequeno empresário muitas vezes não tem poder de negociação com as credenciadoras por apresentar um menor fluxo de caixa. Portanto, analisar opções mais baratas e fazer uma planilha, levando em conta os custos e ganhos, é fundamental” aconselha.
Perfil do negócio
Para os empreendedores com fluxo de caixa intermitente, por exemplo, ou para aqueles que trabalham com baixo volume de vendas e produtos com valor unitário elevado, é fundamental contar com um prazo de recebimento curto. A companhia sueca iZettle, por exemplo, oferece 2 dias de prazo e uma taxa de 4,99% no crédito e de 2,39% no débito. No entanto, as máquinas da iZettle não aceitam cartão-refeição e recebem poucas bandeiras de cartão (Visa, Mastercard, Visa Electron e Maestro de qualquer banco)
Para a microempresária Andreia Costa, o que fez a diferença na escolha foi o prazo de recebimento. Vendendo bolos artesanais a partir de R$ 50,00, a empreendedora lucra mais em cima do preço do que em relação à quantidade vendida. “Preciso receber o mais rápido possível o valor de minhas vendas, pois não tenho capital extra para sustentar os custos do negócio”, diz. Andreia conta que, com a liberação rápida do saldo, tem condição de se organizar financeiramente.
Para o empreendedor com fluxo de caixa mais regular e que não depende tanto de um saldo disponível rapidamente, conseguir taxas menores sobre cada venda pode fazer a diferença. Dessa forma, faturando mais sobre a quantidade vendida do que sobre o preço cobrado, uma das várias opções é a Moderninha Wifi. Com tarifas de 2,39% no débito e 3,19% no crédito, a opção prevê o saldo disponível em 1 dia útil em pagamentos no débito e em 30 dias para pagamentos no crédito. Um ponto negativo é o preço da máquina: R$ 478,80 ou 12 parcelas de R$ 39,90. Neste caso o terminal é vendido ao lojista e não alugado, como em outras credenciadoras.
Roberto Almeida, dono de uma loja de doces em Santo Amaro, bairro da Zona Sul da capital paulista, reconhece o peso das taxas em cada negócio realizado. “Procurei sempre as menores taxas porque meu lucro sobre a venda dos doces não é grande, tenho que vender muito para obter um faturamento razoável”, diz.
O lojista faz em média 70 vendas por dia via máquina de cartão. Segundo ele, o pagamento por meio de cartões representa cerca de 70% de suas vendas. Dessa forma, Roberto busca obter lucro por meio da quantidade vendida e não sobre o preço unitário. Além disso, seu fluxo de caixa é alto devido à rotatividade de clientes em seu negócio.
Contexto
O mercado de cartões vem passando por grandes transformações regulatórias e tecnológicas nos últimos anos. A primeira delas, em 2010, foi o fim da exclusividade de cada credenciadora na captura de determinada bandeira. Isso fez surgir novos players e mudou o jogo de forças no mercado.
Mais recentemente, a introdução de tecnologias como a que permite usar um smartphone para capturar uma transação com cartão, como se o o celular fosse uma “maquininha” de cartão, representou uma alternativa aos terminais convencionais, conhecidos como POS. Também surgiram os planos em que o lojista compra o POS, em vez de pagar aluguel à credenciadora.
A crise econômica fez as varejistas se atentarem mais aos custos das transações de venda, uma questão ainda mais desafiadora para micro e pequenas. O cenário levou as credenciadoras desenvolverem mais soluções para esse segmento.
A diretora de comunicação da iZettle, Adriana Albuquerque, diz que o espírito empreendedor tende a despertar na população em momentos de incerteza econômica. “Não perdemos clientes em função da crise. Muito pelo contrário, nessas horas as pessoas começam a se aventurar e empreender no mercado em busca de complementação de renda e novas soluções para seu próprio negócio”, afirma.
Redação Portal Contábil SC