Corrupção já custou R$ 620 bi
De 1º de janeiro de 2012 até a última sexta-feira, a corrupção em empresas públicas e privadas já custou ao Brasil R$ 620 bilhões. Esse dinheiro seria suficiente para pagar 142 milhões de salários mínimos ou construir 26 mil escolas públicas, mas vai pelo ralo em negociações ilícitas. O cálculo é do Corruptômetro, termômetro que mede a corrupção calculando que ela represente 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
Há estimativas mais conservadoras. No estudo “Corrupção: custos econômicos e propostas de combate”, da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o cálculo é que a corrupção leve entre 1,38% e 2,3% do PIB, o que significaria uma cifra de R$ 171 bilhões a R$ 285 bilhões no mesmo período analisado pelo Corruptômetro.
O tema ganhou destaque nas últimas semanas, com o avanço da operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras e já levou para a cadeia executivos das principais empreiteiras do país. O desdobramento das investigações e o escândalo envolvendo a estatal devem provocar reações em empresas de todos os setores, acredita a professora de ética e responsabilidade social da Faculdade IBS/FGV, Elma Bernardes Santiago. “A tendência é que as empresas passem a ter um olhar diferente e adotem algumas estratégias para se preservarem da corrupção”, acredita Elma.
Mecanismos. Entre esses mecanismos, ela aponta a adoção de códigos de conduta ou de ética que apontem claramente os valores e diretrizes da empresa. O cumprimento desse código tem que ser cobrado de todos os funcionários, da alta diretoria até os cargos menos qualificados, para evitar a sensação de impunidade que favorece a prática de irregularidades.
A professora aponta, por exemplo, a importância da criação de mecanismos de controle e fiscalização de processos e atividades internas. Um exemplo são diretorias de governança, como a que a Petrobras anunciou na semana passada. Outra alternativa são pregões eletrônicos, que reduzem ou eliminam as negociações diretas entre compradores e fornecedores e, por isso, reduzem também as chances de pagamento de propina ou favorecimentos.
Também professor de ética da faculdade IBS/FGV, José Caros Barbará concorda que as instituições têm que adotar sistemas mais rígidos de controle interno. “Quando a corrupção se torna uma cultura, é retrato da falta de estrutura”, diz. Ele completa que o exemplo tem que vir dos funcionários mais graduados e que o código de conduta tem que ser encarado como uma “lei interna”. “A ética é individual, mas o código é uma lei da empresa, tem que ser cumprido”, diz.
Falta eficiência na governança
São Paulo. A adoção de boas práticas de governança no setor público é vital para manter estável o desenvolvimento econômico. Mas o Brasil ainda tem um longo caminho até atingir altos níveis de transparência e eficiência na gestão.
“A falta de governança está em todos os níveis. O Brasil tem dificuldade no crescimento porque não tem um bom planejamento como um todo”, afirma o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes. Desde 2012, o órgão realiza estudos sobre gestão.
O Tempo