Copom: risco de inflação decorre da possibilidade de expansão da procura por bens e serviços
A demanda doméstica por bens e serviços se apresenta “robusta”. Nesse cenário, os riscos para a trajetória de inflação estão essencialmente no mercado interno, derivados da possibilidade de maior expansão da demanda doméstica, com o esgotamento da margem de capacidade produtiva.
A avaliação consta da ata de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no último dia 9, e serviu de base para que o colegiado elevasse a taxa básica de juros, a Selic, de 9,50% ao ano para 10,25% ao ano.
Segundo o documento, divulgado hoje (17), o crescimento da procura por bens e serviços deve-se “em grande parte” aos fatores de estímulo, como o aumento da renda e a expansão do crédito.
“Além disso, estímulos fiscais e creditícios foram aplicados na economia nos últimos trimestres e deverão contribuir para a consolidação da expansão da atividade e, consequentemente, para a redução de qualquer margem residual de ociosidade dos fatores produtivos”.
Entretanto, o Copom observa que se contrapõem a esses efeitos a reversão de parcela substancial das iniciativas tomadas durante a recente crise financeira internacional, o aumento da Selic e o agravamento da crise fiscal de países europeus.
“Esses elementos são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vista a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas”, destaca o documento.
O Copom eleva a Selic quando considera que a economia está muito aquecida e a inflação está em alta. De acordo com a ata, os sinais de aquecimento da economia se manifestam, por exemplo, na trajetória e na expectativa de inflação, nos indícios de escassez de mão-de-obra e na elevação dos custos dos insumos.
A ata também destaca que as projeções de inflação mostram ligeira deterioração. “O Copom considera que essa deterioração deva ser contida e, para tanto, precisam ser revertidos os sinais de persistência do descompasso entre o ritmo de expansão da demanda e da oferta agregadas, que, em última instância, tendem a aumentar o risco para a dinâmica inflacionária”.
Nessa circunstância, reforça a ata, a Selic tinha que ser ajustada para contribuir com “a convergência entre o ritmo de expansão da demanda e oferta” e evitar que “pressões de preços originalmente isoladas determinem uma deterioração persistente do cenário prospectivo para a inflação”.
– Agência Brasil