Concessões para empresas registram forte recuo em julho
O estoque total de crédito subiu apenas 0,6% em julho na comparação com junho e chegou a R$ 2,545 trilhões, segundo dados do Banco Central (BC) divulgados ontem. As novas concessões originadas em julho totalizaram R$ 294,4 bilhões, queda de 3,3% ante junho. As pessoas jurídicas foram as principais responsáveis pelo resultado apresentado pelo BC.
No estoque total as pessoas jurídicas fecharam julho com R$ 1,37 trilhão, índice igual ao do mês anterior. O resultado foi ainda pior nas concessões onde as empresas tiveram retração de 10,8% na mesma base de comparação. As pessoas físicas impediram um resultado mais fraco com crescimento de 1,2% no saldo e de 5% nas concessões em julho.
De acordo com o BC, o saldo do crédito livre ficou estável no mês e subiu 9,2% em 12 meses. Entre as pessoas físicas o crescimento foi de 1% no mês, 4,6% no acumulado do ano e 8,2% em 12 meses. Para as empresas houve baixa de 1,1% no mês e altas de 1,9% no ano e de 10,1% em 12 meses.
O saldo de crédito com recursos direcionados apresentou alta de 1,3% em relação a junho, de 22,1% em 12 meses e 5,8% no acumulado do ano. Entre as pessoas físicas houve crescimento de 1,5% no mês, 17% no ano e 33,8% em 12 meses. Entre as empresas o crescimento foi de 1,3% no ano, 11,4% no ano e 22,1% em 12 meses.
Entre as pessoas físicas o destaque foi para o crescimento do financiamento imobiliário que apresentou expansão de 35,5% nos últimos 12 meses e de 20% no ano. Em julho deste ano o estoque total desse tipo de crédito chegou a R$ R$ 306,4 bilhões, em dezembro de 2011 foi de R$ 189,3 bilhões. Em igual período os recursos utilizados para financiamento de veículos passaram de R$ 177,6 bilhões para R$ 193,9 bilhões entre as pessoas físicas.
“Os dados do BC mostram um bom sinal que foi a melhora no perfil de crédito das famílias concentradas menos em cheque especial e cartão de crédito, com juros altos, e cada vez mais em crédito imobiliário e consignado”, afirmou professor de economia da ESPM, Orlando Fernandes.
Entre as pessoas jurídicas o destaque foi para a expansão do crédito para capital de giro com prazo maior que 365 dias de 0,6% no mês, 4,4% no ano e 14,1% em 12 meses. A antecipação de faturas apresentou queda de 3,4% no mês, mas tem sido cada vez mais utilizado, prova disso é que houve expansão de 20,3% nos últimos 12 meses, segundo o BC.
“A menor demanda de crédito por parte das empresas já é um sinal do desaquecimento da economia. O nível de emprego e renda ainda garante que as pessoas físicas mantenham seu nível de consumo”, afirmou o presidente da Cobrart Gestão de Ativos, Luiz Felizardo Barroso.
Bancos
O estoque de crédito total nos bancos públicos cresceu 1,1% em julho em relação a junho somando R$ 1,286 trilhão. No acumulado do ano, o estoque cresceu 13,4% e, em 12 meses, 28,6%.
Nas instituições privadas nacionais, o saldo ficou estável ante junho, em R$ 864,4 bilhões. Houve aumento de 2,1% no ano e 5,3% em 12 meses. Nos estrangeiros que atuam no País, o estoque também ficou estável no mês, em R$ 394,7 bilhões. No ano, avançou 2,0%. Em 12 meses, 6,2%. Com isso, as instituições estatais expandiram de 50,2% para 50,5% sua participação total no crédito do sistema financeiro nacional.
Os juros cobrados nos bancos acompanharam a Selic e apresenta alta fechando numa média de 19,1%, 0,6 ponto percentual acima do mês anterior. Entre as pessoas físicas a média foi de 25,1%, 0,9 pp acima de junho e entre as empresas 14,4%, 0,3 pp acima do resultado anterior.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a alta é devido aos aumentos da taxa básica de juros, a Selic. “As taxas de juros cresceram no mês em linha com o ciclo de política monetária”, disse.
Apesar da alta dos juros o índice de inadimplência ficou estável nos públicos e privados nacionais em, respectivamente, 1,9% e 4,7%. Entre as instituições estrangeiras recuou de 5,2% em junho para 5,1% em julho. As provisões para créditos duvidosos recuaram 0,1 pp nos públicos e ficaram estáveis nas demais instituições.
DCI-SP