Como saber o que seu chefe pensa de você
Você já imaginou o que seu chefe realmente pensa a seu respeito?
Descobrir pode ser uma tarefa difícil e delicada. Embora a maioria das pessoas tenha medo de chefes extremamente críticos e rudes, um chefe amável ou evasivo demais pode ser igualmente frustrante.
Em um emprego anterior como vendedor de software, Mark Philips, do Estado americano do Colorado, atingiu a meta de vendas durante dois anos, mas recebeu pouco feedback — e nenhum sinal de promoção. Ele confrontou diretamente seu chefe, dizendo que precisava de uma resposta. Mas seu chefe disse simplesmente para que Philips “confiasse” em suas melhores intenções para com ele. Philips aceitou um outra oferta de emprego no dia seguinte.
Phillips, que atualmente é diretor-presidente da HireEducation Inc., uma empresa de busca de executivos, hoje acha que poderia ter questionado mais o chefe e entender seu ponto de vista. “Poderia ter funcionado muito bem”, diz.
Alguns gestores receiam deixar seus funcionários com raiva ou magoá-los se forem sinceros demais. Outros “temem que a pessoa vá ao RH e cause uma grande confusão”, diz Peggy Klaus, que promove treinamento de executivos na Califórnia. Quando ela orientou um executivo, no ano passado, a dar mais feedback aos funcionários, ele disse a ela: “Eu prefiro fazer uma colonoscopia.”
Mas há formas de lidar com um chefe reticente. Reconhecer de antemão que você tem pontos falhos pode facilitar para o chefe ter uma conversa franca, diz o psicólogo organizacional Michael Woodward. Isso ajuda os gerentes a se sentirem emocionalmente seguros — ao ter certeza de que o funcionário não vai ter um acesso de raiva ou derramar lágrimas, diz Woodward.
Fazer perguntas sutis, sugerindo que você sabe que há espaço para melhorar, é outra dica, diz Hassan Osman, gerente sênior da Cisco Systems Inc.e autor de um livro sobre gestão de equipes. Perguntar “O que você faria diferente?” ou “Como você acha que posso fazer melhor?” mostra que você sabe que o trabalho não está perfeito. Perguntar “O que o deixaria realmente animado com relação a isso?” demonstra interesse no ponto de vista do chefe.
Se possível, atrele suas perguntas aos objetivos do chefe ou à missão da empresa. Isso os deixa mais inclinados a ajudar. Praticamente todos querem ser vistos como consistentes na busca dos objetivos acordados. Isso também coloca a sua solicitação em um contexto “maior que vocês dois”, diz Peter Bregman, consultor de liderança e autor do livro “Four Seconds” (“Quatro Segundos”, em tradução livre).
É preciso manter uma expressão calma e natural, mesmo que você ache que o feedback que recebeu está errado, diz Woodward, o psicólogo.
Se seu chefe usar clichês como “Você não é sabe trabalhar em equipe”, peça exemplos específicos. E agradeça o chefe por qualquer feedback dado. Mesmo que você ache o feedback errado ou maldoso, você pode dizer: “Deve ter sido um risco para você compartilhar isso comigo. Eu realmente agradeço”, diz Bregman, o consultor.
Se o seu chefe ainda assim for reticente, tente contornar a situação. Pergunte a ele o que outros gerentes ou colegas pensam do seu desempenho, diz Tyler Cowen, professor de economia na Universidade George Mason, no Estado de Virginia. “Se as pessoas têm uma opinião específica, elas tendem mais a pensar que outros concordam com ela ou tiveram experiências semelhantes”, diz.
Amy Sinclair pediu à sua chefe, Pam Borton, que dessa a ela bastante feedback desde que começou a trabalhar, dois anos atrás, como diretora executiva na TeamWomenMN, uma organização sem fins lucrativos de Minneápolis. Com o passar do tempo, ambas se adaptaram ao estilo uma da outra. Ex-técnica de um time de basquete universitário, Borton, diretora-superintendente da organização de redes de desenvolvimento profissional, está acostumada fazer críticas rápidas e sinceras ao desempenho de seus subordinados.
Sinclair costumava discutir imediatamente caso discordasse, mas, depois de trabalhar com a consultora de carreira Aimee Cohen, ela aprendeu a não levar as críticas para o lado pessoal ou a reagir imediatamente a elas, mas refletir um dia ou dois antes de dar uma resposta mais elaborada.
E Borton aprendeu a elogiar Sinclair mais vezes que esta apresenta bom desempenho. “Foi importante para mim entender o estilo da Amy e o que faz com que ela seja bem-sucedida.”
The Wall Street Journal