Clonagem do WhatsApp atinge políticos e empresários no Brasil
Um golpe sofisticado, que aparentemente conta com estelionatários infiltrados nas empresas de telefonia, está colocando em xeque a credibilidade do Whatsapp, o aplicativo usado por 120 milhões de brasileiros para manter contato com amigos ou como ferramenta de trabalho.
Funciona assim: um amigo ou familiar próximo, com quem você troca mensagens com frequência, entra em contato pelo aplicativo e pergunta qual aplicativo de banco você usa. A vítima responde. O fraudador, passando-se por seu amigo, diz então que precisa fazer alguns pagamentos ainda hoje, mas que já excedeu o limite de transferência do aplicativo. Pergunta se você pode fazer os pagamentos por ele e promete reembolsá-lo no dia seguinte.
A mensagem aparece com o nome e a foto do usuário do Whatsapp em questão e no mesmo histórico de conversas que já vinha sendo mantido anteriormente. Para todos os efeitos, você acredita estar falando com o seu amigo. “Não dá pra suspeitar. Você recebe a mensagem de um amigo para quem você faria aquele favor sem fazer perguntas,” diz uma vítima.
O mais preocupante: com frequência, os bandidos têm acesso ao histórico de mensagens, que podem incluir dados pessoas e detalhes que só as vítimas sabem, o que torna os pedidos de transferência de dinheiro ainda mais convincentes.
O golpe vem sendo relatado desde 2016, já atingiu centenas de pessoas e voltou com fôlego novo nas últimas semanas. A audácia dos bandidos é tanta que o esquema virou praticamente uma coqueluche em Brasília: segundo um levantamento do UOL em março deste ano, o golpe já havia atingido mais de 20 deputados federais e até a alta cúpula do governo.
Carlos Marun (Secretaria de Governo), Osmar Terra (Desenvolvimento Agrário), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Fernando Coelho (ex-ministro de Minas e Energia) já tiveram seus números clonados, bem como a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti.
Tudo indica que o golpe acontece em conluio com funcionários infiltrados nas operadoras de telefonia. “É preciso duas coisas neste golpe: um elo com a operadora de telefonia para conseguir cancelar e transferir o número de chip e muitas contas bancárias de destino para as transferências”, diz Odivaldo Muniz, delegado do Departamento de Crimes Tecnológicos da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (SEIC) do Maranhão. “É uma clonagem do número e não só do WhatsApp”.
Em julho de 2016, a Polícia Civil do Maranhão desarticulou uma quadrilha acusada de aplicar esse tipo de golpe. Entre os seis presos, estava um funcionário de uma loja da Vivo que tinha o papel de tirar do ar os celulares das vítimas e habilitar o número em chips que estavam em poder dos golpistas.
No golpe aplicado na vice-governadora do Paraná, dois estelionatários foram identificados e presos no Maranhão. As investigações constataram que eles tiveram acesso a um login administrativo da Vivo em São Paulo e, por meio dele, conseguiram transferir o número de chip. Segundo Muniz, no começo os casos envolviam mais a operadora Vivo, mas já foram relatados casos na TIM e na Oi.
Fonte: Estado de Minas