Cai percentual de empresas que inovam
Com a economia em marcha lenta e a concorrência de importados, caiu o percentual de empresas do setor industrial que realizaram inovações entre 2009 e 2011.
Foram 35,6% do total. De 2006 a 2008, o índice era de 38,1%, mostra a Pintec (Pesquisa de Inovação), divulgada ontem pelo IBGE.
Em cinco edições da pesquisa, foi a primeira vez que a taxa recuou.
Pelo critério do estudo, é inovação qualquer produto ou processo produtivo novo ou substancialmente aprimorado, mesmo que seja cópia de algo que já exista.
Para o professor Ari Francisco de Araújo Jr., mestre em economia do Ibmec/MG, as empresas no país não precisam inovar porque o mercado brasileiro “é muito fechado à competitividade estrangeira”. “Elas têm a proteção das barreiras alfandegárias.”
Entre os principais empecilhos apontados pelas empresas na pesquisa, estão o alto custo para se inovar no Brasil, riscos econômicos excessivos e a falta de mão de obra qualificada, que travam o lançamento de inovações, principalmente de produtos.
Pela primeira vez em 2011, a falta de mão de obra qualificada aparece entre os dois maiores obstáculos à inovação na indústria, com 72,5% das empresas industriais atribuindo importância alta ou média a este problema, superado apenas pelos custos elevados (81,7%).
Esse problema foi o sexto mais relevante para a indústria no período 2003-2005, passando a ocupar a terceira posição em 2006-2008.
Entre as empresas que não inovaram, o principal motivo apontado foi as condições do mercado. Na indústria, essa foi a resposta de 66,1% das empresas, enquanto em eletricidade e gás o percentual foi de 72,6% e de 44,4% em serviços selecionados.
Foram avaliadas 128.699 empresas do país com dez ou mais pessoas ocupadas.
MENOS ORIGINAIS
A taxa de inovação cai para 2,1% se forem considerados apenas processos novos para o setor no Brasil.
“O triênio ocorreu na esteira da crise mundial, que começou no último trimestre de 2008 e afetou as expectativas”, diz Alessandro Pinheiro, gerente da pesquisa.
Segundo o especialista, em meio a esse cenário, as firmas tendem a adotar um comportamento defensivo, como forma de evitar o risco.
“Isso prejudica principalmente a inovação de produto. Elas acabam concentrando as inovações nos processos, com o objetivo de reduzir custos e aumentar a produtividade, mas postergam os planos de implementação de novos produtos”, afirma o gerente do IBGE.
Além da crise internacional, outro fenômeno teve impacto entre 2009 e 2011: a apreciação cambial, que levou à alta das importações. Em 2011, a taxa média de câmbio comercial para venda de dólar era de R$ 1,675. Em 2006, estava em R$ 2,176.
“A valorização da moeda nacional induz ao aumento das importações e prejudica as empresas exportadoras. Há ainda o efeito China’, várias empresas reclamaram da concorrência com os produtos do país, especialmente em setores como o têxtil, siderurgia e papel”, afirma.
Por outro lado, a apreciação cambial pode motivar empresas a importar máquinas e equipamentos.
Folha de São Paulo