Cai efetivação de temporários
Dos 147 mil postos criados, ficaram no emprego apenas 22 mil, 15%.
A efetivação de temporários contratados no Natal de 2011 foi a mais baixa dos últimos cinco anos. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem), apenas 15 em cada cem contratados no país ficou em definitivo na vaga. A expectativa era efetivar pelo menos 20%. Em 2010, a taxa foi de 28% e em 2007 chegou a 34%.
Já o número de contratações de temporários ficou dentro da expectativa e chegou a 147 mil pessoas. Desses, 22 mil conseguiram um emprego efetivo, como uma das vendedoras da Hand Book, do BH Shopping. O gerente da loja, Douglas Santos, diz que precisava de mais um funcionário para completar o quadro fixo e usou o período de Natal como experiência.
O diretor regional da Asserttem em Minas Gerais, José Carlos Teixeira, explica que a taxa abaixo do esperado tem a ver com a piora do cenário econômico. “A indústria aponta desaquecimento há meses, a Europa está em crise, a inflação subiu. A expectativa é de que este seja um ano mais difícil”, afirma. Ele lembra ainda que as vendas de Natal ficaram abaixo do esperado pelos lojistas, o que influenciou o setor a colocar o pé no freio na hora de contratar.
De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as vendas do varejo cresceram 2,33% no Natal em relação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa era de alta de 8%, que, ainda assim, seria menor do que o avanço registrado em 2010, que foi de 9,48%.
Um outro fator que dificultou a efetivação de temporários foi a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada mesmo para o serviço temporário. O gerente da Hand Book diz que analisou cerca de 300 currículos para selecionar os oito temporários que trabalharam na loja no fim do ano. “Foi bem mais difícil do que em 2010”, afirma. Ele diz que os trabalhadores queriam ganhar mais e estavam menos dispostos aos sacrifícios que a função exige, como trabalhar em horário estendido nos dias que antecedem o Natal.
Fecomércio segue com otimismo
Ainda é cedo para avaliar que a efetivação de temporários foi menor do que em anos anteriores, diz o analista de economia da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Eduardo Ângelo Dias. “Os lojistas ainda não dispensaram os temporários porque janeiro é mês de liquidações e o movimento ainda é muito grande”, afirma.
Ele diz que nem mesmo a falta de qualificação da mão de obra temporária justificaria uma queda na efetivação, já que o comércio treina seus funcionários. “Ainda é muito cedo para avaliar a efetivação”, afirma. Segundo Dias, a média de contratações deve ficar dentro do verificado nos últimos anos.
De acordo com a Asserttem, a remuneração dos temporários ficou entre R$ 690 e R$ 996 no comércio e a maioria da vagas foi preenchida por homens. (APP)
* O Tempo