Burocracia ainda é entrave para exportar
Pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) com 300 empresas fluminenses que atuam nas áreas de exportação e importação, mostra que a burocracia e a carência de infraestrutura continuam sendo os grandes entraves para o desenvolvimento de novos negócios.
Do total de entrevistados, 77% são empresários da indústria, 22% do comércio e 11% do setor de serviços. A maior parte das empresas que atua no comércio exterior fluminense é de médio (31,4%) e pequeno porte (30,0%). Em termos de divisão geográfica, as empresas se concentram no município do Rio de Janeiro (57,1%). Se esses e outros entraves fossem superados, 81,6% das empresas participantes da pesquisa indicaram possibilidade de crescimento das exportações.
O estudo, chamado Diagnóstico do Comércio Exterior do Estado do Rio, está em sua segunda edição – a primeira foi em 2011 – e será apresentado oficialmente hoje, quinta-feira, na sede da Firjan.
Segundo a especialista em comércio exterior da Firjan, Claudia Teixeira dos Santos, a burocracia alfandegária é considerada o principal obstáculo, tanto para exportadores quanto para importadores.
“Também a infraestrutura dos portos é destacada como um grande entrave. A movimentação de carga é vista como demorada, o que leva a intensificar a discussão sobre a criação do Porto 24 horas. Pela pesquisa, 22,8% dos consultados apontam a burocracia como o entrave que o governo deveria combater prioritariamente. Os empresários citaram ainda problemas de infraestrutura portuária, aeroportuária e rodoviária (16,9%) e a taxa de câmbio (8,8%) entre os principais obstáculos”, diz Claudia.
Outro dado mostra que 8,1% das empresas fluminenses citaram a concorrência internacional, mais especificamente com a China, como a principal barreira às exportações. Com relação ao Diagnóstico anterior, as empresas que não identificam entraves aumentaram de 16% em 2011, para 25,1% em 2013. De acordo com os resultados por porte, as microempresas permanecem entre as que mais identificam entraves nas exportações, (75,6%). No entanto, o percentual está abaixo do levantamento de 2011 (90,9%).
Em relação aos órgãos que mais afetam a competitividade das empresas, a Receita Federal foi citada por 43,3% dos empresários. Também em relação à competitividade, uma em cada três empresas afirmou ainda que há tributos que afetam o desempenho exportador. sendo o ICMS o principal deles.
Entre os países que mais apresentam dificuldades para as exportações brasileiras estão, justamente, os vizinhos do Mercosul.
“A Argentina e a Venezuela estão no topo. No caso da Argentina, o fato de o governo local ter que aprovar s exportações por meio da Declaração Juramentada de Importação (DJAI) atrasa a realização de negócios. No caso da Venezuela, o problema é a demora no pagamento do que é exportado”, destaca a especialista da Firjan.
O mercado americano, seguido do chinês, são os maiores parceiros no comércio exterior para as indústrias fluminenses. Ainda segundo ela, as empresas fluminenses defendem cada vez mais a realização de acordos comerciais para facilitar o processo de exportação e importação. E citam a necessidade de um acordo Mercosul-União Europeia como fundamental para o incremento de seus negócios.
O estudo faz ainda um balanço da atuação do estado do Rio no comércio exterior. No ano passado, o estado aumentou sua participação nas exportações do país, respondendo por 11,9% das exportações brasileiras. Foram US$ 28,8 bilhões de exportações, crescimento de 44% em relação a 2010, e US$ 20,4 bilhões de importações, alta de 23% no mesmo período. Grande parte das empresas fluminenses importa, no mínimo, há 5 anos sem interrupções (75,1%), sendo a principal forma de desembarque dessas operações a marítima (67,5%). Quanto ao valor total das importações em 2012, a faixa de US$ 100 mil a US$ 999 mil foi a mais citada por 29,7% das empresas.
A maioria (75,6%) dos empresários fluminenses acredita que o comércio exterior tende a crescer, enquanto 6,9% indicaram tendência de redução. Apesar do crescimento de 34% da corrente de comércio do estado do Rio de 2010 para 2012, ficou novamente claro que o sentimento do empresariado é de que a ação governamental como indutora da atividade de comércio exterior deve ser aprimorada.
Brasil Econômico