Brasil vai facilitar entrada de bancos estrangeiros, diz Ilan Goldfajn
O governo brasileiro vai em breve abolir uma regra antiga sobre a entrada de bancos estrangeiros no país: não será mais necessária a assinatura do presidente da República. A informação foi levantada pelo jornalista Fernando Rodrigues, do site ‘Poder 360’.
Segundo o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, essa formalidade produzia uma percepção ruim a respeito do Brasil no exterior. “Há um entendimento internacional de que tem que ter uma certa igualdade entre os procedimentos dos bancos nacionais e internacionais”, afirma Goldfajn.
O texto sugerindo um decreto presidencial já está com a Casa Civil, no Palácio do Planalto.
Goldfajn afirma que as reformas da Previdência e trabalhista acabaram ocupando muito o governo e o Congresso, mas que a proposta de conceder independência ao Banco Central não foi abandonada: “Continuo a defender essa medida. Acho que tem a capacidade de reduzir o risco Brasil sem gerar nenhum custo adicional em termos fiscais. É a percepção da continuidade quando há mudanças de governo”.
Sobre a crítica recorrente de que, apesar da forte recessão, o país ainda tem a maior taxa de juro real (a Selic [–] inflação) do planeta, Goldfajn acha que já não é mais assim quando se olha o que é conhecido como taxa ex-ante –ou seja, a que considera a inflação e a taxa básica daqui a 12 meses.
“A taxa de juros já não é mais uma das maiores. Hoje está em 4,5% [projetando para daqui a 12 meses]. Já foi 20%, há 20 ou 30 anos. Chegou a 10% nos últimos anos. Ainda é alta. [Mas] não vai ficar para sempre. Estamos avaliando para essa taxa de juros real deixar de ser única”.
Entre as medidas esperadas para ajudar na redução da taxa Selic (que terá um novo corte em 26 de maio de 2017) estão a aprovação das reformas da Previdência e trabalhista e também um aprimoramento do Cadastro Positivo –a lista de informações sobre quem toma crédito e tem bom histórico de pagamentos. Hoje, é necessário o consumidor aceitar formalmente a inclusão de seus dados. O Banco Central pretende que os dados “positivos” sejam agregados de maneira automática e seja invertida a lógica de exclusão –a pessoa que não queira participar do sistema terá de tomar a iniciativa para fazer o chamado “opt out”.