Bom clima pesa mais do que salário
Ambiente de trabalho é valorizado na decisão de mudança de empresa.
Remuneração e plano de carreira são importantes na avaliação de aceitar uma proposta e mudar de empresa. Mas não são o primordial. Para a maioria dos trabalhadores brasileiros, ter um bom ambiente de trabalho é o que conta, diz estudo do portal Trabalhando.com.
Dos 390 entrevistados em janeiro e fevereiro, 52% responderam que a convivência harmoniosa entre colegas e gestores afeta o comportamento pessoal e profissional -e impacta na motivação.
Oportunidades de promoção foram a resposta de 22% dos profissionais, seguidas por possibilidade de aumento salarial (14%), status da empresa (5%) e outros (7%).
Para o presidente da Trabalhando.com, Renato Grinberg, os dados mostram que, com um clima melhor, as pessoas são mais produtivas e os resultados, melhores.
“Isso é muito claro na chamada geração Y [nascidos entre 1980 e 2000]. Eles são muito focados em trabalhos que permitam ter tempo livre para a prática de esportes e hobbies e, por isso, querem saber antes como será o ambiente de trabalho”, afirma.
O bom ambiente de trabalho é o que mais motiva a gerente de marketing da Eurofarma Tatiane Manetti, 32. A profissional começou na empresa em 1999 e progrediu graças a um plano de desenvolvimento que, diz ela, reduz a concorrência desleal entre colegas.
O clima era estendido para fora da empresa – Manetti participava, até o nascimento do filho, de corrida e da academia mantidos pela indústria farmacêutica.
Disputa
Mesmo em áreas de competição acirrada, o fator clima é valorizado. “O nosso funcionário costuma ser ambicioso, mas é inadmissível uma pessoa querer passar por cima da outra”, afirma o presidente da Corporate Consulting, Luis Alberto Paiva.
O consultor de Negócios da Corrhect, Paulo Henrique Rocha, destaca que o relacionamento interpessoal e o acesso a gestores fazem com que a atmosfera de trabalho fique mais agradável. “Nos últimos anos, inteligência emocional e competências comportamentais têm sido mais valorizadas. As competências técnicas podem ser lapidadas; as comportamentais, dificilmente.”
Bate-papo com gestor dá índice de satisfação
Os questionários da pesquisa de clima, ferramenta usada para medir o grau de satisfação dos funcionários, deixam de reinar sozinhos nas empresas.
Conversas informais, como cafés com presidente e reuniões com diretores e gestores, têm sido adotadas, destaca a gerente da consultoria de RH KPMG Gisleine Camargo.
São nos encontros informais e no contato mais próximo com o gestor em que pode-se identificar o que as pesquisas não conseguem captar, afirma o gerente da consultoria Hays Rodrigo Vianna.
Nos bate-papos, complementa a consultora da Search RH Lucila Yanaguita, é possível ter claras inclusive as distorções nos resultados do questionário. “Algumas áreas podem ter alto índice de bem-estar e outras serem extremamente rígidas. Não dá para ser 100% descontraído na companhia”, reflete.
As pesquisas, contudo, não devem ser abandonadas, sinalizam especialistas. “Principalmente em empresas maiores, em que há uma distância maior do presidente, elas revelam coisas que ele muitas vezes nem imagina”, diz o diretor-geral da Trabalhando.com, Renato Grinberg.
Como melhorar o ambiente de trabalho*
– Estimular o trabalho em equipe
– Valorizar a diversidade
– Oferecer benefícios para o funcionário e sua família
– Manter ambiente de trabalho transparente
– Contar com política de liberdade de expressão
– Estimular contato do gestor com subordinados
– Investir em ações de responsabilidade social
* Fontes: Asap, Corrhect, Eurofarma, Hays, KPMG, Search RH e Trabalhando.com
** matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo