BNDES empresta 20% menos em 2017 até setembro; sinaliza pior ano em uma década
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou 20% menos em 2017 até setembro, refletindo a recessão do país e a menor oferta de subsídios, que devem levar a atividade do banco ao pior resultado em uma década.
O banco de fomento informou nesta terça-feira que seus desembolsos somaram R$ 50 bilhões nos primeiros nove meses do ano, ante R$ 62,2 bilhões na mesma etapa de 2016.
Mantido o ritmo atual, a instituição deve fechar o ano com menos de R$ 70 bilhões emprestados, no quarto ano consecutivo de forte queda e com um número só superior aos R$ 64,9 bilhões de 2007.
Todas as fases do processo de crédito no banco apontaram recuo, o que indica que uma reação da atividade no banco não deve acontecer no curto prazo. Também na comparação com o mesmo período de 2016, as consultas caíram 12%, enquanto os enquadramentos recuaram 9% e as aprovações tiveram baixa de 12%.
Ainda assim, o BNDES afirmou no comunicado que “os números agregados mostram sinais de recuperação da demanda por crédito”.
Após sucessivos anos de forte expansão, apoiada em aportes totais de cerca de 500 bilhões de reais do Tesouro Nacional de 2008 a 2014, o BNDES vem gradativamente perdendo força, sob o reflexo combinado da recessão e da crise fiscal no país.
O ritmo atual representa cerca de um terço do que o banco fez em 2013 quando, no auge, desembolsou R$ 190 bilhões.
Além do panorama econômico adverso, o apetite das empresas por crédito no BNDES diminuiu ainda mais desde 2015, quando o governo federal gradualmente endureceu as condições de acesso a crédito subsidiado da TJLP.
Esse ciclo foi consolidado recentemente com a aprovação da substituição da TJLP pela Taxa de Longo Prazo (TLP), mais próxima da praticada no mercado, como principal referência para empréstimos do banco a partir de 2018.
Por setores, os que apresentaram maiores recuos no volume de recursos tomados no banco neste ano incluem metalurgia (-77%), construção (-73%), outros transportes e indústria extrativa, ambos com queda de 60%.
Por tamanho, as companhias de grande porte foram as que mais sofreram, com recuo de 31%, enquanto as microempresas tomaram 29% menos crédito no banco no ano até setembro.