Bancos privados seguem públicos e começam a reduzir juros do cartão
Bradesco corta taxa pela metade a partir de 1º de novembro; HSBC e Santander estudam mudanças.
Segundo Anefac, juro médio do rotativo hoje é de 238% ao ano; BB e Caixa anunciaram taxas menores este mês
Em meio à pressão do governo para que os bancos baixem as taxas do crédito rotativo dos cartões de crédito, o Bradesco reduziu os juros da modalidade em 54%.
A partir de 1º de novembro, as taxas máximas do rotativo passam de 14,9% para 6,9% ao mês para os cartões com bandeiras Visa, American Express, ELO e Mastercard.
Os juros para parcelamentos nos cartões de crédito cairão de 8,9% para 4,9%.
O anúncio se segue a declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que os juros do crédito rotativo são fator de alto endividamento dos brasileiros (leia texto ao lado).
O diretor-executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou que a “demanda da sociedade” pesou mais que a pressão do governo para a decisão do corte dos juros.
Segundo Noronha, as compensações virão com o aumento da base de clientes e das transações.
Disse ainda que não acredita no fim do parcelamento sem juros no cartão – apontado pelo setor como causa da alta taxa do rotativo.
Segundo a Anefac (associação de executivos de finanças), em agosto a taxa de juros média do cartão de crédito foi de 238% ao ano. E um estudo da ProTeste mostra que os juros rotativos podem chegar a 878,7% ao ano, dependendo da instituição.
Concorrência
Neste mês, Banco do Brasil e Caixa já haviam cortado a taxa do rotativo, em até 79% e entre 10% e 40%, respectivamente. No mesmo mês, o Itaú lançou um cartão com juro de 5,99% ao mês calculados a partir da data de cada compra, e não do vencimento da fatura, em caso de atraso ou pagamento parcial.
O HSBC disse que está estudando se fará reduções, e o Santander informou que está avaliando o atual cenário de queda das taxas.
Saiba mais
Banco Central defende redução do rotativo
Quando o consumidor decide pagar a quantia mínima na fatura do cartão de crédito -hoje em 15%- e quitar o resto depois, significa que está recorrendo ao crédito rotativo do banco, que é corrigido por juros elevados.
Segundo levantamento da Anefac (associação dos executivos de finanças), as taxas do crédito rotativo alcançaram 238% ao ano no mês de agosto.
Recentemente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que gostaria que o pagamento mínimo obrigatório nas faturas do cartão fosse “muito maior”.
Em 2010, a instituição aumentou o percentual mínimo de 10% para 15%, mas preferiu não elevá-lo novamente em 2011 (para 20%). O argumento foi de que o limite em vigor era “suficiente” para controlar as dívidas.
Neste mês, as instituições financeiras têm tomado medidas para diminuir os juros do cartão de crédito.
* Folha de S.Paulo