Avanço de demissões voluntárias leva RH de empresas rever medidas para reter talentos
A Grande Resignação, ou no inglês, Great Resignation, termo frequente em debates sobre RH na Europa e nos Estados Unidos, usado para mostrar a disposição de trabalhadores trocarem de emprego, ganha força no Brasil com a chegada do movimento também no país. Nos últimos 12 meses até maio, o país registrou 6,175 milhões de pedidos de desligamentos pelos próprios trabalhadores, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o que é recorde. Esse foi um dos temas abordados no 31º Concarh, Congresso Catarinense sobre Gestão de Pessoas, quinta e sexta-feira, em Florianópolis, quando especialistas discutiram alternativas para empresas reterem talentos.
A busca por qualidade de vida, propósito e por funções condizentes com suas formações específicas tem motivado as pessoas a pedirem demissão e buscarem outras oportunidades no mercado. Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Santa Catarina (ABRH-SC), Edio Bertoldi, esse movimento motiva gestores e empreendedores a repensar estratégias na gestão de RH.
– As pessoas querem, cada vez mais, um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Elas buscam espaços onde são respeitadas pelo que são, valorizadas, e que possam se ver dentro de um propósito – avalia Bertoldi. O presidente da ABRH Blumenau, Diogo Angioleti, afirma que a pandemia acelerou a tomada de decisões dos profissionais, que já queriam mudar os rumos das carreiras. Com a Covid-19, as pessoas perceberam que tudo o que queriam fazer era possível, observou ele.
Para Diogo Angeloti, este período que permitiu – e até exigiu – um autoconhecimento proporcionou que se entendesse o que fazia ou não sentido nas carreiras, o que estava ou não alinhado aos propósitos e abriu caminho para que esses pedidos de demissão começassem a tomar volume. Neste sentido, as empresas que notadamente não estavam interessadas em acolher estes anseios automaticamente acabaram abrindo mão dos profissionais.
Mas para as empresas enfrentarem melhor a Grande Resignação (Great Resignation, em inglês), retendo os talentos que desejam, Diogo Angeloti dá três conselhos básicos.
O primeiro, segundo ele, é revisar e fortalecer a cultura empresarial o os valores das pessoas. Isso porque ele avalia que não necessariamente estes profissionais estão saindo das empresas porque estão descontentes, mas porque querem experimentar novas frentes.
Segundo conselho do especialista é flexibilizar a jornada de trabalho. Na avaliação dele, isso engloba questões como jornada de trabalho, menos dias de trabalho e novas formas de benefício para se tornar atrativo.
– E mesmo assim essa não é uma garantia de que a pessoa irá ficar, porque aquela teoria de que alguém deveria trabalhar a vida toda em uma única empresa não existe mais – alerta ele.
E o terceiro conselho de Diogo Angeloti é as lideranças empresariais entenderem o papel delas nesse contexto. Isso inclui ouvir com atenção o que os colaboradores têm a dizer.
– A liderança é fundamental para o bom andamento da empresa e o diálogo, a troca, entre essas partes é o que conecta as pessoas para que elas se sintam parte e queiram ficar – explica Angeloti.
NSC Total