Aspectos tributários são risco para megafusão
Questões tributárias imprevistas estão colocando em risco a fusão, envolvendo US$ 35 bilhões, da francesa Publicis com a americana Omnicom, ameaçando minar os planos para criação da maior empresa de publicidade e comunicação do mundo em receitas.
O negócio, anunciado em julho do ano passado, está estruturado de modo que nenhuma das duas empresas nem seus acionistas pagarão qualquer imposto relacionado com a fusão, mas os grupos têm enfrentado dificuldades para obter uma aprovação desse modelo pelas autoridades fiscais na França, Holanda e Reino Unido.
“Não existe um plano B. Esses aspectos são um requisito para concluirmos o negócio”, afirmou John Wren, presidente-executivo da Omnicom, ontem.
O processo de aprovação dos aspectos tributários na França está pendente e as companhias deram entrada juntas com seu pedido de autorização para o negócio junto às autoridades Holanda, onde a empresa combinada será incorporada, e no Reino Unido, onde teria sua sede para fins tributários. A Holanda tem sofrido pressões para não mais permitir que “empresas conchas” se beneficiem de seu regime tributário.
Wren disse “não ser factível dizer exatamente quando a transação será concluída”, tendo em vista a complexidade do negócio e o número de questões a resolver. Mas o grupo acrescentou que “não existe nenhuma razão para acreditar que a estrutura não possa ser viabilizada.”
Repetidos atrasos lançaram dúvidas sobre o negócio franco-americano, atacado por concorrentes que advertem que [uma fusão] resultará numa série de conflitos de clientes.
As ações da Omnicom apresentaram recuo de 1,5% no meio do dia em Nova York, ontem, ao passo que os papéis da Publicis fecharam em queda de 0,7%, a € 63,44, na bolsa de Paris.
O tom de cautela em torno da fusão está muito distante do discurso eufórico de nove meses atrás, quando os grupos assinaram o acordo na sede da Publicis, em Paris, com vista para o Arco do Triunfo. À época, os executivos estavam confiantes que o negócio seria concluído em dezembro de 2013.
Valor Econômico