Artistas se formalizam como empresas
Conciliar a carreira artística e uma empresa formalizada tem sido uma opção mais comum entre artistas independentes.
Segundo levantamento do Sebrae, entre junho de 2011 e junho de 2013, o número de produtores teatrais formalizados como MEIs (Microempreendedores Individuais) passou de 441 para 2.542, registrando aumento de 576%.
Já entre músicos, o aumento de formalizados no período foi de 342%, de 3.645 para 12.465.
Se consideradas todas as ocupações, o crescimento dos MEIs foi de 270% no mesmo período. Segundo dados do Portal do Empreendedor, eram 3,1 milhões os MEIs no final de junho de 2013.
Para o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, a busca pela formalização se deve às oportunidades de negócio que ela traz. “Empresas ou órgãos públicos preferem contratar profissionais com CNPJ e nota fiscal.”
O escritor e músico James Misse, 45, é um dos que aliam as atividades criativas com as empresariais.
Ele conta que, depois de trabalhar por 12 anos no mercado financeiro, se aproximou da literatura infantil e passou a fazer shows que uniam música e histórias dentro de escolas.
Porém, vendo a dificuldade de conseguir publicar seus livros em uma grande editora, Misse abriu a sua própria, a Pé da Letra. A editora possui oito autores em seu catálogo e vendeu 700 mil livros.
James conta que, no começo de sua carreira, tentou ficar distante de assuntos empresariais.
Mas aos poucos se convenceu de que deveria dar atenção a sua carreira como a qualquer outro negócio.
“Acho muito bom o artista se organizar para administrar seu próprio negócio, que acaba sendo ele próprio.”
Ajudar artistas a gerenciar a carreira foi uma oportunidade encontrada por Leonardo Salazar, 33, editor do site Música LTDA e sócio da start-up (empresa iniciante de tecnologia) Meucache.com. A empresa desenvolve uma ferramenta para que artistas gerenciem suas finanças, agenda e contatos.
Segundo ele, a maior parte dos artistas buscava empresários ou gravadoras para cuidar de suas carreiras.
Porém, com a abertura de outros espaços para divulgação dos trabalhos na internet, eles ficaram mais responsáveis pelo gerenciamento das atividades.
FILIPE OLIVEIRA, Folha de S. Paulo