Apesar de dúvidas, mercado de juros aposta em alta da Selic
As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) negociados da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam ao redor da estabilidade, com pequenas variações positivas, depois de atravessarem toda sessão em firme alta. Os investidores chegaram a aumentar as apostas em um aumento da taxa básica de juros, a Selic, depois que o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) teve aceleração na primeira prévia de abril.
Mas no fim da sessão, circulou nas mesas de operadores rumores dando conta que ganhou no governo a visão de que o mais adequado neste momento é aguardar mais indicadores — de inflação e de atividade. Especialmente depois que as vendas do varejo tiveram retração, conforme dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na próxima semana, o Banco Central reúne o Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 16 e 17, para definir a Selic, hoje em 7,25% ao ano. Segundo cálculos de operadores, o mercado de juros projetam alta de 0,25 ponto percentual da Selic já na semana que vem, e mais 0,38 ponto na reunião de maio. Ou seja, no mercado futuro já surgem negócios que trabalham com o cenário em que admitem a ideia de um ritmo mais intenso, de 0,5 ponto percentual, começa a entrar no radar.
Essas apostas refletem a percepção crescente de que o Banco Central terá que elevar o custo do dinheiro para conter as pressões inflacionárias, bem como as expectativas dos agentes econômicos sobre a trajetória dos preços.
Indicadores de preços divulgados hoje funcionaram como vetores dessa tese. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 0,42% na primeira prévia de abril, ante 0,15% no mesmo período em março, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Operadores de mercado chamaram ainda atenção para o fato de a coleta diária de preços, feita pela FGV, confirmar uma aceleração.
Esse ambiente foi reforçado pelo resultado das vendas no varejo de fevereiro, que caíram 0,4% ante janeiro, com ajuste sazonal, segundo o IBGE. Segundo economistas, a retração foi determinada principalmente pelo impacto da inflação na decisão de compra por parte dos consumidores.
O sócio da Schwartsman & Associados, Alexandre Schwartsman, aponta que a inflação mais alta teve papel no desempenho do varejo em fevereiro. Segundo contas do ex-diretor do BC, a inflação implícita do setor atingiu 1,58% em fevereiro, superando a taxa de 1,17% de janeiro — nos dois casos, as variações superaram a inflação medida pelo IPCA, de 0,86% e 0,60%, respectivamente.
Antes dos ajustes finais na BM&F, o DI janeiro/2014 marcava a mesma taxa de 7,92% da véspera, depois de bater uma máxima de 8,03% ao longo da sessão. Na mesma comparação, o DI janeiro/2015 também estável, tinha 8,50%, após atingir pico de 8,59%. Enquanto o DI janeiro/2017 subia a 9,14% de 9,12%, mas após atingir 9,19% na máxima.
Valor Econômico