Aonde vai o dinheiro do contribuinte?
O estudo mostrou que, entre os diversos setores da economia, apenas os gastos da administração pública demonstram crescimento no Produto Interno Bruto (PIB), com um percentual de 0,5%, em relação aos três meses anteriores. Em função da crise, que se agravou a partir de setembro passado, houve queda nas taxas de todos os setores que compõem o PIB, no quarto trimestre de 2008.
A reportagem procurou diversos órgãos representantes do governo federal para explicar o que representa essa alta. Entre eles, a Receita Federal, a Controladoria-Geral da União, a Presidência da República, o Ministério do Planejamento, além de institutos de pesquisas como o próprio IBGE, o Dieese e o Departamento de Pesquisa da Faculdade de Economia da Ufrgs. Nenhum deles, no entanto, esclarece a situação, demonstrando desconhecimento dos dados ou justificando, por meio de assessorias, que não há posição oficial a respeito do assunto.
No Ministério do Planejamento, a informação é de que o ministro Paulo Bernardo Silva não irá se pronunciar sobre o aumento dos gastos até o final do mês, quando se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para analisar os dados referentes ao tema. Foi informado ainda que a Secretaria de Orçamento e Finanças está trabalhando para definir dados que irão subsidiar o encontro.
Segundo o contador e vice-presidente técnico do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRC-RS), Antônio Carlos de Castro Palácios, essa questão envolve um componente político muito forte. “O governo faz questão de manter a população tranquila e, muitas vezes, não tem base concreta das informações.” Para ele, o próprio governo foi pego de surpresa com esses dados, e as perdas ocorrem em várias áreas de arrecadação. “Temos um problema de falta de acesso a informações confiáveis”, afirmou Palácios.
Além da inexistência de informações, a administração pública é permeada de contradições que dificultam o entendimento acerca de sua transparência. Ao comparar notícias recentes sobre o governo, essa contradição fica evidente. Ao contrário da maioria dos cidadãos brasileiros, os deputados federais têm gerência sobre os próprios salários e quiseram aumentá-los de R$ 16,5 mil para R$ 24,5 mil, suspendendo o repasse da verba indenizatória, no valor de R$ 15 mil mensais. Votado na semana passada, o projeto não foi aprovado por falta de consenso entre os componentes da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Enquanto isso, o investimento em educação representa apenas 4% do PIB nacional.
Fonte: Abrapi