Abrir e manter um negócio no Brasil não é das tarefas mais fáceis. Pesquisa realizada pela Endeavor Brasil, organização de fomento ao empreendedorismo de alto impacto, revela que o país registra 3,7 milhões de CNPJs zumbis, “empresas que ainda existem no papel, mas já fecharam as portas há tempos”. Entre as dificuldades que levam a esse cenário, estão questões como a burocracia e a carga tributária.
De acordo com o estudo, o Brasil é o 184º pior país do mundo em relação à dificuldade de pagamento de tributos. E o empreendedor leva 80 dias ao ano apenas para manter a conformidade fiscal. Por conta de dificuldade de se atualizar com a legislação, 86% das empresas brasileiras operam com pelo menos uma pendência no pagamento de tributos federais ou no cumprimento de exigências desses órgãos. O acesso a crédito também é difícil: o Brasil está na posição 87 entre 132 países.
Depois de consultar empreendedores de todo o Brasil, a Endeavor identificou as quatro principais bandeiras e traçou a Agenda para o Alto Crescimento, um documento com diversas propostas para que os candidatos à Presidência da República se comprometam a reduzir os entraves burocráticos que impedem o crescimento do empreendedorismo.
Faltam propostas
As quatro principais mudanças sugeridas para o ambiente de negócios brasileiro são simplificar processos de abertura, regularização e fechamento de empresas; aprovar reforma tributária que aborde os problemas dos empreendedores; simplificar e garantir clareza dos critérios de aprovação nos empréstimos em bancos e agências de fomento; e revisar processos e legislação para agilizar a obtenção de propriedade intelectual. Os benefícios incluiriam uma economia mais competitiva e produtiva, geração de novos empregos, ampliação dos investimentos, mais inovações, entre outros.
Na avaliação de Renata Mendes, coordenadora de advocacy e políticas públicas na Endeavor Brasil, os candidatos à Presidência da República entendem e enumeram os problemas enfrentados no ambiente de negócios, porém faltam proposições de melhoria. “Todos falam em desburocratização, reforma tributária, desafios de acesso ao capital, mas ainda não têm nenhuma proposta muito concreta nesse sentido, nem caminhos mais concretos, com micro e macro reformas”, observa.
A ideia da agenda, diz Renata, é reunir pontos importantes e soluções possíveis, de curto, médio e longo prazo, além de possibilidades para melhorar e destravar o ambiente de negócios, facilitar o crescimento das empresas, tornar o ambiente de negócios mais atraente tanto para empresas daqui como para as que vêm de fora. “Esperamos que a gente possa dar esse dinamismo e fazer que a economia volte a crescer e que o país volte a ser produtivo”, completa a coordenadora da Endeavor.
Fonte: Correio Braziliense