A oportunidade na crise
O cenário econômico com o dólar girando em torno dos R$ 4 pode ser uma oportunidade para os micro e pequenos empresários brasileiros do setor de e-commerce venderem seus produtos e serviços para os estrangeiros. Esta é a avaliação do PayPal, empresa de pagamentos digitais, que realizou ontem em São Paulo um workshop a fim de mostrar as oportunidades provenientes das vendas a estrangeiros para os pequenos negócios. De acordo com pesquisa encomendada pela companhia em 2013, a movimentação de empresas brasileiras com vendas para estrangeiros foi de R$ 1,5 bilhão em 2013 e a previsão é que esse valor chegue ao R$ 4 bilhões em 2018.
“Nosso País começou a ficar atraente para os estrangeiros”, diz Gabriela Szprinc, responsável pela área de Pequenas e Médias empresas do PayPal. Para ela, os pequenos negócios devem aproveitar essa oportunidade que chega com a crise e começar a pensar em exportar.
Ainda segundo o estudo, existem cerca de 450 mil sites brasileiros ativos no e-commerce brasileiro, sendo que 88% deles podem ser considerados pequenos sites (com até 10 mil visitas mensais). “O brasileiro não tem costume de vender produtos para fora”, comenta o consultor de Comércio Internacional do Sebrae, Thiago Alexandre Brandão Farias. “É muito mais fácil vender de brasileiro para brasileiro. Os empresários têm medo de vender para outros países.”
Conforme o consultor, 4.508 microempresas e 5.385 empresas de pequeno porte (do e-commerce ou não) exportaram de 2014 a 2015. Destas, cerca de 25% usam alguma plataforma internacional de negócios para isso. O e-commerce e as ferramentas de pagamento digitais são canais que facilitam o negócio com o exterior.
O estudo do PayPal mostra que vestuário, sapatos e acessórios ocupam 49% das vendas entre fronteiras no mundo, seguidos de eletrônicos (32%) e produtos e serviços de entretenimento (31%). EUA, China e Reino Unido são os principais mercados brasileiros.
BENEFÍCIOS
Além de ampliar a área de atuação, o empresário que resolve exportar tem benefícios como a isenção de impostos e financiamentos, ressaltou o consultor do Sebrae. “O governo acabou de lançar uma linha específica de financiamento para exportadores para financiar a exportação e também financiar equipamentos e insumos para quem quer exportar. A partir do momento que exporta, a empresa também tem ‘drawback’ – se estiver exportando café, pode importar produtos sem imposto para usar na lavoura.”
Para começar a exportar, o consultor elaborou um passo a passo: o primeiro passo é elaborar um planejamento com etapas, metas, orçamento e cronograma bem definidos. O segundo é selecionar os mercados-alvo, opções que devem ser feitas com muito cuidado. “O mercado internacional, para a micro e pequena, é como um concurso de tiro ao alvo em que ele recebe uma bala só e só recebe segunda quando acerta a primeira. As micro e pequenas têm pouco dinheiro para investir, então têm que saber muito bem onde vão fazer o investimento.”
Em terceiro lugar, as micro e pequenas precisam avaliar o seu mix de produtos e se é preciso fazer adaptações para poder exportá-los. Depois, deve-se definir o público-alvo, o canal de vendas e a comunicação para cada mercado. “Este ponto é extremamente importante porque qual segurança uma pessoa da Alemanha tem de comprar de uma cidade de Indaiatuba, em São Paulo?”, exemplifica Farias. Por fim, é preciso avaliar, passadas as experiências, as necessidades de aprendizado. A barreira da língua é um obstáculo muito importante a ser transposto, lembra ainda o consultor. Sem ela, fica praticamente impossível realizar negócios com consumidores estrangeiros.
A repórter viajou a São Paulo a convite do PayPal.