Valores e visão fundamentam empresas duradouras
A história contada recentemente no jornal O Estado de São Paulo por Ruy Shiozawa (edição de 15 de dezembro de 2009), sobre a origem do Great Place to Work Institute®, Brasil, onde é CEO, revela o trabalho inédito desenvolvido nos anos 80 pelo jornalista californiano Robert Levering, mentor do que se tornou uma referência mundial para medir qualidade de ambientes de trabalho no que diz respeito ao desenvolvimento de competências profissionais e das relações humanas.
Ao ser indagado sobre se existiam bons lugares para trabalhar, Levering preferiu ir a campo antes de escrever qualquer coisa sobre um assunto que não lhe era familiar e chegou a conclusões surpreendentes depois de entrevistar centenas de funcionários de empresas de todo o tipo. Sim, “existem excelentes lugares para trabalhar, onde as pessoas gostam de estar e não passam o dia olhando o relógio para saber quanto falta para terminar o martírio. Levering ouviu muitas coisas interessantes sobre práticas que as empresas desenvolvem, às vezes bastante simples, que estabelecem fortes vínculos de confiança entre as pessoas”, escreveu Shiozawa.
Independente de tamanho, cultura ou localidade, as empresas se destacam por criar um ambiente onde há credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho, desafio, camaradagem, entre outros adjetivos que potencializam a natureza humana. De acordo com Shiozawa, nesses ambientes, “os números são surpreendentes mas o raciocínio é lógico: as melhores empresas atraem e retêm os melhores talentos, funcionários confiantes servem melhor aos clientes e estimulam os fornecedores a oferecer melhores serviços, as empresas são mais produtivas, rentáveis e muito mais comprometidas socialmente”.
A conclusão de Levering, ao abandonar o que fazia para criar o Great Place to Work Institute®, foi contundente. Ele passou a acreditar que era possível “construir uma sociedade melhor, ajudando empresas a transformar seu ambiente de trabalho” e seu método de avaliação ganhou o mundo. A pesquisa aplicada em 2009 em São Paulo para identificar as melhores empresas para se trabalhar, a partir de uma parceria entre o instituto e o Estadão, evidenciou que no Brasil a situação é a mesma e as empresas se fortalecem quando estão em sintonia com os valores universais de relações humanas e estimulam o desenvolvimento de seus profissionais.
Não há mais tempo a perder. Os fatos jogam contra todos aqueles que insistem em ficar parados no tempo. E é somente com o conhecimento que se vai adiante. Não dá para o patrão dizer que está sem recursos para investir na equipe ou o empregado dizer que o patrão não investe nele e que não tem condições de estudar. Com essa conversa, ambos naufragarão. O profissional tem que procurar sempre em se atualizar, buscando mais conteúdos, participando de cursos e palestras, lendo livros e jornais. Porque as empresas dinâmicas apostam nos empregados que não se acomodam, o mesmo acontece com empregados dinâmicos, que estão sempre em busca das melhores empresas para exibir seus talentos.
Os sites profissionais disponíveis na Internet são também fontes ricas em informações. Sem a atualização, aos poucos os profissionais acomodados serão colocados de lado. Pois não estarão aptos a participar de reuniões, se integrar a novos projetos, desenvolver ações inovadoras, enxergar perspectivas e habilidades na carreira. É esta postura de autodesenvolvimento adotada pelos profissionais visionários que as empresas privilegiam. Aqueles que “pararam no tempo”, ou que adotaram uma postura da síndrome da Gabriela, a personagem de Jorge Amado na versão da música feita para a novela (‘Eu nasci assim e vou ser sempre assim’), não têm mais lugar nas empresas.
No entanto, há profissionais e empresários que ainda não se atentaram à necessidade da formação e atualização do conhecimento. Não por estarem distantes dos centros de discussões. Mas, talvez, por terem uma formação cristalizada, oriunda da ótica conservadora de mercado, preso ao patrimonialismo e ao controle do espaço em que atua. Apesar de saberem que correm riscos mantendo-se na soberba, insistem em fazer vistas grossas às novas tendências que florescem a cada dia com a inovação tecnológica e a trasnformação do pensamento em relação ao consumo e ao próprio ambiente de trabalho.
Enquanto o mundo moderno se pauta pela mudança permanente, o velho patrão e o velho profissional se pautam pelo bloqueio ou desprezo a tudo que lhes fuja à rédea. Porém, o tempo implacável tende, mais cedo ou mais tarde, a lapidar até mesmo as mentes mais impermeáveis ao novo. Não para integrá-la à roda viva de um mundo em construção contínua. Mas para dispô-las no museu dos pensamentos taxidermizados.
* Luiz Antonio Balaminut – Contador/Advogado – www.balaminut.com.br | www.webleis.com.br