Servir a Deus e ao dinheiro
A Campanha da Fraternidade faz parte do calendário anual da Igreja no Brasil. Promovida pela CNBB, procura inquietar a sociedade com reflexões sobre temas sociais, especialmente aqueles que estejam prejudicando a vida fraterna. Neste ano de 2010, novamente será ecumênica isto é, assumida, também, por outras igrejas cristãs.
O tema escolhido para a CF 2010 foi: Economia e vida; e o lema: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro (Mt 6,24). Seu objetivo geral é o de unir as pessoas de boa vontade na promoção de uma economia que esteja a serviço da vida. Seus objetivos específicos são denunciar a perversidade de um modelo econômico que visa, em primeiro lugar, ao lucro; educar para a prática de uma economia de solidariedade, valorizando a vida como o bem mais precioso; e conclamar a sociedade para a implantação de um modelo econômico que respeite o ser humano.
São objetivos ousados. Mas como não ser ousados diante das injustiças que nascem de uma economia em que o lucro está em primeiro lugar e o ser humano não passa, muitas vezes, de um “produto”? Como ficar indiferentes diante de uma “máquina” econômica que gera desigualdades, miséria, fome e morte? Há os que perguntarão: tem sentido as igrejas cristãs tratarem de um tema como esse? Não haveria temas mais “religiosos”? Tudo o que é importante para o ser humano é importante para o Evangelho.
Por isso é que Jesus se preocupou não somente com temas ditos “religiosos”, mas também com a fome, com as doenças e as injustiças. Ao advertir que não podemos servir a Deus e ao dinheiro, Cristo deixou claro que os problemas de nosso mundo têm como causa a ganância e o egoísmo. A solução desses problemas está, pois, em nossas mãos.
* Dom Murilo S.R. Krieger, Arcebispo de Florianópolis.
** Artigo publicado no Diário Catarinense – www.diario.com.br