Quando o sonho vira pesadelo
Como profissional contábil e empresário, assisti e participei de muitas histórias de sucesso de empreendedores dos mais variados ramos de atividade. Vi pequenas empresas crescerem, gerar riquezas e empregos. É difícil explicar quais os principais motivos que levaram estas empresas ao sucesso, pois muitas vezes outros empreendedores, teoricamente, até mais capacitados e com mais recursos disponíveis, sucumbiram antes de saborear os frutos do seu trabalho e nunca mais voltaram a empreender devido ao trauma gerado.
O empreendedor muitas vezes não é compreendido por seus familiares e amigos, que não conseguem enxergar o que ele vê. E essa falta de apoio acaba desestimulando muitos negócios promissores devido à grande carga de responsabilidade que recai sobre ele, que muitas vezes é responsável pela maior fonte de recursos financeiros da família.
Então, na maioria dos casos, você tem somente uma única chance de tentar e acaba apostando todas as fichas em um negócio que, naquele momento, naquele local, ou devido a outras circunstâncias – internas ou externas -, não teve o resultado esperado. No desespero, você pede dinheiro emprestado, primeiro aos bancos, depois aos amigos e num último e desastroso ato, aos agiotas.
Aquilo que seria o negócio de sua vida acaba virando um enorme pesadelo. Você já não tem mais controle sobre a situação a acaba virando bombeiro. Ou seja, vive tentando apagar incêndios que você mesmo causou.
Esta situação é muita parecida com as pessoas que perderam muito dinheiro na Bolsa de Valores devido à recente crise financeira mundial. Não souberam ou, principalmente, não foram disciplinados o suficiente para sair na hora certa.
Um negócio ou investimento deve ser encarado de forma racional. Assim como você não pode se apaixonar por uma ação, que nada mais é do que uma pequena parte de uma empresa, da mesma forma deve encarar o seu negócio. Ou seja, quando você inicia um negócio ou compra ações de uma empresa, você deve estipular um limite para possíveis perdas e a partir daquele sinal, usando linguagem dos investidores, “dar um stop” na operação – cair fora o mais rápido possível. E pode ter certeza, as perdas são mais prováveis do que os ganhos. Basta verificar os índices de mortalidade das pequenas empresas no Brasil – são altíssimos.
Excetuando-se os Governos – que gastam mais do que arrecadam – não conheço nenhum negócio que tenha vida longa sem gerar resultados positivos regularmente. Portanto, não arrume desculpas para justificar os seguidos aportes de capital, principalmente se você não dispuser desse dinheiro – como acontece na maioria dos casos –, sem comprometer o seu patrimônio.
É preciso muito determinação e coragem para iniciar um negócio. Mas também é necessário muita sabedoria e desapego para saber o momento de sair dele. Pense nisso e bons negócios!
Autor: Isaac Rincaweski
Empresário no ramo de Prestação de Serviços Contábeis, Contador, formado na FURB-Blumenau, com pós graduação em Gerência na Qualidade nos Serviços Contábeis.
Fonte: Classe Contábil
Um bom jogador tem que saber a hora de parar.