Inicio do ano: É hora de rever os gastos
Reavaliar os gastos é fundamental para quem precisa colocar as finanças domésticas no eixo. Nada mais natural, portanto, que isso seja feito no início do ano. A decisão exige planejamento e disposição, não só do autor como também de toda a família.
Gastar mais do que ganha é um caminho perigoso que normalmente leva ao descontrole. A consequência é o estresse e a perda de qualidade de vida, porque o autor passa a ter que administrar uma situação que lhe é sempre desfavorável.
Reverter esse processo exige uma “faxina financeira” e determinação para não sofrer recaída, o que realimenta a ciranda. Para ajustar as contas, o autodiagnóstico é fundamental. Nesse processo, é preciso ter com precisão os motivos que prejudicam o orçamento e impede a poupança.
Muitas vezes a pessoa acha que os gastos assumidos são pequenos, mas se esquece de somar todos eles para saber se o montante final está em sintonia com a receita. Os casos evidentes, de gatos elevados, são fáceis de diagnosticar. Mas os gastos menores podem confundir, porque são diluídos ao longo do mês e passam despercebidos, pois muitas ficam fora das contas.
Por incrível que pareça, estão nessa lista aquele produto desnecessário, mas que foi colocado no carrinho de supermercado, o sorvete, o refrigerante, a noite no bar, enfim. Todos esses “pequenos gastos” precisam também ser pensados antes, para que não pesem depois.
Não é preciso ser especialista para afirmar que a melhor maneira de fazer um diagnóstico do orçamento é registrar cada centavo gasto no primeiro mês do ano, o que dará no final do mês o montante e em que é empregado. Ou seja, é preciso saber o destino do dinheiro para saber se aquele gasto pode ser eliminado ou não, para que a decisão seja segura.
Há por trás desse processo um trabalho psicológico, que leva a pessoa ao seu centro emocional e lhe dá clareza sobre a necessidade de agir. O primeiro corte deve ser feito sobre os supérfluos. Essa decisão, no entanto, não pode prejudicar o prazer de fazer as coisas. Muito pelo contrário, tem que pensar que a redução dos excessos é valiosa para melhorar a qualidade de vida. A mudança de ótica fortalece e encoraja.
O passo seguinte é fazer um planejamento de curto, médio e longo prazos. Aqui entram os objetivos da pessoa. Porque o compromisso assumido hoje vai, inevitavelmente, repercutir nas intenções de amanhã. O futuro tem que ser simulado antes que uma decisão seja tomada. Claro que não se deve perder de vista a ideia e a necessidade de estratégia para reforçar o salário. Mesmo assim, é preciso ser realista.
Outro terreno em que o dinheiro se esvai sem que se perceba é o das contas com impostos e cartão de crédito. Em janeiro, por exemplo, há quem aposte no parcelamento de IPVA e IPTU achando que vai sobrar mais dinheiro em caixa e se esquece da economia que fará com o pagamento à vista. Os 5% de desconto no IPTU, por exemplo, é bem maior do que vem sendo pago pela poupança. Nesse caso, é melhor tirar o dinheiro da poupança para pagar o tributo à vista.
No caso do cartão de crédito, pagar o mínimo é o maior erro, porque os juros acumulados podem elevar a dívida de forma assustadora. O ideal é pagar sempre a conta total. Tudo isso parece complexo, mas é só uma questão de hábito. Depois que se faz uma vez e percebe o tamanho da economia, a tendência é seguir o caminho naturalmente.
Claro que muitas vezes é preciso tomar uma decisão “heterodoxa”, para usar um jargão da economia, para escapar da situação. Mesmo assim, não se pode perder de vista que o dinheiro vendido no mercado tem valores diferentes. Não se pode deixar levar por uma facilidade imediata, de uma financeira que lhe oferece mundos e fundos. Ela pode simplesmente estar aliviando uma situação para comprometer ainda mais suas finanças no mês seguinte. Cheque especial é também outra saída muito cara, por isso, desvantajosa.
A economia é feita também na hora de comprar. Promoções são sempre interessantes e segui-las é outro hábito que vale a pena, principalmente em relação aos alimentos. No caso de roupas e calçados, não se deixe levar pelo consumo desnecessário. Com pouco de empenho, as finanças estará em ordem e o caminho aberto para novos planos.
DESPESAS: Anote cada despesa feita no primeiro mês ou nos três primeiros meses do ano para verificar o destino de cada centavo gasto.
EXCESSOS: Fique de olho principalmente nos pequenos gastos que, juntos, acabam consumindo boa parte do orçamento.
SUPÉRFLUOS: Verifique a lista de despesas se todas são de fato importantes para a manutenção de sua qualidade de vida. Aquelas que não atenderem a este requisito devem ser cortadas em prol do saneamento financeiro.
PAGAMENTO: A recomendação é que todas as dívidas sejam pagas em uma só parcela.
ECONOMIA INDIRETA: Além de um maior controle do orçamento, pagar à vista permitirá economia indireta dos valores que seriam desembolsados com o pagamento de juros, por conta de parcelamentos de longo prazo, e de multas, por causa de eventuais atrasos. Também há a possibilidade de obter descontos.
* Luiz Antonio Balaminut – Contador/Advogado. Acesse www.balaminut.com.br | www.webleis.com.br