Meirelles admite que CPMF pode ser opção para ajudar nas contas públicas
O ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, disse hoje em São Paulo, que a volta da CPMF pode não ser a melhor possível no curto prazo. Porém, devese levar em conta o crescimento do país de forma sustentável e quem está no comando deve saber as medidas cabiveis para redução da dívida pública brasileira.
— Eu não estou lá pra saber as alternativas viáveis para reversão da curva da dívida pública. Quem está lá sabe exatamente o que precisa ser feito. Temos que pensar em impostos que levem à produtividade, mesmo que a medida (a volta da CPMF) no curto prazo não seja a melhor possível — disse.
Meirelles defendeu o reequilíbrio fiscal como meio de o país retomar o crescimento e evitou comentar sobre a possível troca no comando do Ministério da Fazenda:
— Seria uma deselegância da minha parte comentar rumores sobre ocupar um cargo que está ocupado — disse Meirelles. — Não vou comentar rumores de que estaria próximo a assumir o Ministério e nem o que faria se estivesse lá.
Entretanto, durante o debate, que contou com a presença de mais dois expresidentes do BC, Gustavo Franco e Arminio Fraga, Meireles disse que o governo precisa se esforçar para reduzir a dívida pública. Uma forma seria a limitação das despesas públicas, investimentos em infraestrutura logística e em educação.
— Temos que pensar no curto prazo, mas estruturando medidas de longo prazo. Hoje o Brasil tem demanda para investimentos em logística e há capital disponível lá fora. O que se precisa é de estrutura normativa e que o mercado regule o preço. Outro ponto é a redução da burocracia. Somos um dos países mais burocráticos e assim é difícil a abertura de empresas e, consequentemente, geração de riquezas. E, finalmente, a educação tem de ser prioridade em qualquer governo.
Durante o evento, os três destacaram o alto nível da dívida pública brasileira que, para Meirelles, é o responsável pelo patamar elevado dos juros no Brasil e precisa ser revertido.
Ele destacou ainda que os juros sobem à medida que existe uma maior percepção de risco em relação ao país. Meirelles também defendeu que a infraestrutura brasileira seja objeto de aporte e que haja reforma tributária, com redução da carga dos impostos.
O nome de Meirelles, atualmente presidente do Conselho de Administração da holding J&F, agitou os mercados nesta semana diante dos crescentes rumores de que a presidente Dilma Rousseff estaria sendo pressionada para tirar Levy e colocálo na Fazenda, a fim de lidar com os problemas econômicos do país.
Com perfil técnico e político, Meirelles agradaria ao mercado financeiro e traria algum alento para os movimentos sociais que sustentam o PT, segundo fontes ouvidas pela Reuters. Nesta semana, no auge dos rumores, ele já havia afirmado que não houve convite concreto para assumir o Ministério da Fazenda.
O Globo