Aplicação em ações da Petrobras rendeu quase dez vezes mais que FGTS
Trabalhador que investiu há dez anos na estatal viu a grana multiplicar
O dinheiro que o trabalhador usou do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para a compra de ações da Petrobras em 2000 rendeu 624,32% ao longo dos dez anos, enquanto que a grana que ficou parada no fundo teve rendimento de 65,06% no mesmo período, segundo cálculo elaborado pelo Instituto FGTS Fácil.
Isso significa que se o trabalhador investiu R$ 100 do FGTS em ações da petrolífera em 2000, hoje ele tem R$ 724,32 (veja simulação abaixo). Ao passo que os mesmos R$ 100 que ficaram no fundo atualmente viraram R$ 165.
Nesta semana, a Petrobras iniciou o período para reserva de ações. Quem já investe na estatal com a grana do FGTS poderá ampliar a participação. Para isso, esse investidor deve ter comprado uma cota no FMP (Fundo Mútuo de Privatização) na época da primeira oferta pública, em 2000, e não ter vendido nenhuma ação ao longo dos anos. O prazo para a manifestação do interesse na reserva termina na quinta-feira (16).
Para Mário Avelino, presidente do instituto, o investidor deve aproveitar a chance e “investir tudo o que puder”.
– O FGTS é um assalto no bolso do trabalhador. Todos os anos ele deixa de ganhar ao menos R$ 5.000 em rendimento por causa da TR [taxa referencial]. Então, se ele tiver essa oportunidade, não deve mesmo perder a chance. O dinheiro do brasileiro está sendo desvalorizado no fundo.
A crítica de Avelino em relação à correção do FGTS está relacionada ao cálculo feito pelo governo para atualizar a grana do trabalhador. O motivo é que há dez anos o Banco Central corrige o saldo do fundo pelo TR, atualmente em 0,07% ao ano, enquanto a inflação está em 4,5%. Ou seja, todos os anos essa diferença entre a remuneração dada pelo governo às contas é sempre muito abaixo da inflação, o que faz com que o fundo acumule perdas significativas ao longo dos anos.
Apesar de o valor da ação ainda não ter sido definido, a perspectiva é que ela esteja até 20% mais barata que há dez anos. O valor será divulgado no próximo dia 23 tendo como base uma pesquisa entre os investidores e a quantidade de interessados na oferta – esse processo é chamado de bookbuilding. O teto máximo para a capitalização foi aprovado pelo governo em até R$ 150 bilhões.
Bom negócio
Márcio Ardelio de Souza, engenheiro e consultor, é uma das pessoas que investiu na Petrobras há dez anos e agora está pronto para ampliar a participação. Na primeira vez, o governo autorizou que os trabalhadores usassem até a metade do saldo do FGTS, ou seja, 50%. Ardelio aplicou R$ 125 mil no FMP (Fundo Mútuo de Privatização) e, mesmo diante à desvalorização em torno de 25% das ações da Petrobras neste último ano, ele não vendeu os papéis.
– Eu confesso que não acompanho permanentemente o desempenho das ações, mas agora não vale a pena vender porque o valor está muito baixo […]. Estou muito satisfeito com o resultado e agora vou aproveitar o privilégio para aumentar.
Os investidores que decidirem ampliar a participação terão um prazo de carência de 12 meses. Ou seja, por um ano não poderão vender a ação. No entanto, se nesse período ele for demitido sem justa causa, ele poderá excepcionalmente vender o papel e resgatar junto com a grana do FGTS.
Os interessados devem entrar em contato com o banco gestor do fundo de privatização, apresentar o extrato da conta do FGTS e informar quanto desejam investir na nova aplicação. Para formalizar a reserva, o investidor terá que preencher um formulário selando a intenção de participar da oferta.
* R7.com