Hora de arrumar espaço para a informação digital
Volume de informação digital é 35% maior do que os servidores de empresas da internet podem suportarHá alguns anos, o número de fotos de um passeio no final de semana se limitava às “poses” do rolo do filme fotográfico. Hoje, as dezenas de imagens viraram milhares à medida que aumenta a capacidade de câmeras e outros equipamentos digitais. Apesar das caixas e gavetas lotadas de álbuns ao longo dos anos não serem mais problema, guardar as fotos continua dando trabalho – mas agora, para a internet. O volume de conteúdo digital já ultrapassa a capacidade de armazenamento: hoje gera-se uma quantidade de informação digital 35% maior do que os servidores das grandes empresas da internet podem suportar.
Segundo levantamentos compilados de diversas pesquisas pela organização Wikibon, em alguns anos, a quantidade de dados excedente pode ser de 60%. Isso confirma o esgotamento da capacidade disponível de um ambiente que tem crescido na preferência dos usuários ao guardar e compartilhar conteúdos.
“É uma informação preocupante para o mercado de armazenamento há algum tempo. Hoje, todo mundo tem uma câmera digital. Tem gente que tira um gigabyte de fotos num final de semana e o usuário nem sempre quer essa quantidade enorme de dados consigo. No final, acaba transferindo o problema para a nuvem computacional”, explica o consultor de segurança do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R) Rodrigo Assad.
A nuvem computacional é a tendência de transferir a guarda de informações do computador para a internet. Um exemplo simples é quem usa sites para guardar imagens ou músicas.
Se a produção e a transferência de conteúdos digitais seguirem acima da capacidade de armazenamento, avalia Assad, o usuário acabará tendo que pagar a conta, investindo em mais espaço, seja em disco rígido, no próprio computador, ou na nuvem computacional.
“Há opções gratuitas, mas que têm um limite. O mais provável é que serviços já existentes acabem cobrando”, diz Assad.
Em 2010, o volume de informação digital gerado no mundo deve chegar a 1,2 zettabyte. Nos cálculos da Wikibon, isso equivale a 75 bilhões de iPads (computador estilo prancheta da Apple) de 16 GB lotados de informação.
“A quantidade de informação tem crescido enormemente e não é impulsionada apenas pelo barateamento de equipamentos”, ressalta o professor do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Rady de Almeida Junior.
Para Rady, além de crescerem em quantidade, fotos e vídeos estão cada vez maiores. O aumento da resolução das câmeras, por exemplo, gera imagens mais pesadas e exige mais espaço. Apesar de concordar que existe um crescimento do volume de dados, o professor minimiza o impacto da geração de conteúdo.
“Não importa onde seja, hoje em dia todo mundo consegue guardar a informação que está produzindo”, explica.
* do caderno Clicar, do AN