‘Pensamento enxuto é questão de sobrevivência às empresas’, diz especialista
Por Osni Alves Jr
Em um mundo cada vez mais competitivo e que exige fazer mais com menos, a mudança de cultura para o pensamento enxuto é uma questão de sobrevivência das empresas. “Devem desaparecer do mercado as que não investirem na educação e treinamento de seu pessoal gerencial e operacional para enxergar o todo e principalmente os desperdícios.”
A afirmação acima parece extremamente categórica, mas quem a faz sabe do que está falando. Foram 27 anos atuando como especialista de garantia de qualidade da Embraco, fabricante mundial de compressores herméticos para refrigeração. Atualmente, Marcio Aurélio de Amorim, 49, presta consultoria à Plasticoville, em Joinville; Altenburg, em Blumenau; e Freitas Inteligência Aduaneira, em Itajaí.
O nome da técnica que aplica nas organizações pode até ser incomum, mas o Lean Office é hoje um dos recursos mais procurados quando o assunto é enxugar para crescer. “Trata-se de uma filosofia que visa à redução de desperdícios por meio de uma mudança de cultura e aprendizado de como enxergar ou reconhecer os desperdícios nos ambientes de trabalho administrativos. Está fundamentado na aplicação de princípios e ferramentas oriundos do Lean Manufacturing”, explica.
Amorim é formado em Técnico Mecânico pela Escola Técnica Tupy de Joinville, graduado em Ciências Econômicas voltada ao Empreendedorismo pela Univille e pós-graduado em Gestão de Operação de Logística pelo INPG. Também possui certificação no curso de Coordenadores LEAN Grupo Whirlpool Incompany e Green Belt “Six Sigma” pela FDG.
Sobre o Lean Manufacturing , diz significar produção enxuta, e teve origem na empresa Toyota, no Japão, pós-segunda Guerra Mundial. “A premissa era aumentar a eficiência da produção pela eliminação consistente e completa do desperdício. Suas principais ferramentas aplicadas são as de Mapeamento de Fluxo de Valor, 5S, Desenho de Célula, Trabalho Padronizado, Manutenção Planejada Total, Troca Rápida de Ferramenta, Just in Time e Kaizen”, ressalta.
Ele reforça que são sete os desperdícios que se deve aprender a enxergar: correção do trabalho já realizado; esperas por pessoas, informações ou coisas; movimentação excessiva; transporte inadequado; processamento inadequado; produzir a mais que a necessidade do cliente. O especialista acrescenta dois mais à lista: o erro de não ouvir ou não dar atenção às sugestões das pessoas e o nono desperdício que é o tributário.
Segundo Amorim, as empresas que adotam esta filosofia ganham fatias do mercado deixadas por companhias que não conseguem ser competitivas. Em razão do cenário econômico atual, as organizações têm dificuldade em reajustar preços. Com isso, a alternativa é reduzir custos e despesas operacionais. “É necessário, porém, saber onde estes custos e despesas podem ser reduzidos para não impactar na qualidade e entrega”, complementa.
Amorim reforça que as empresas que aplicam a filosofia obtêm resultados significativos. “Sabemos de resultados com aumento de 37% na produtividade, além de redução de estoques em processo em torno de 60%. Também apuramos companhias que conseguiram reduzir a movimentação em torno de 50%, bem como outros que diminuíram reclamações dos clientes em cerca de 60%”, disse.
Ele reforça, porém, que este trabalho é dirigido à diretoria e gerência. “Eles devem estar à frente, para que toda a companhia se enquadre no processo”, frisou.
CASO PRÁTICO
Uma avaliação prática no setor de exportação de uma companhia, cuja dificuldade estava no arquivo de documentos que, por se tratar de responsabilidade de cada funcionário local, se acumulava nas mesas sem que houvesse a catalogação requerida, podendo gerar multas e outros empecilhos à organização, foi solucionada com uma ideia bastante simples.
“Implementamos uma caixa com marcação verde, amarelo e vermelho onde todos os processos finalizados e seus documentos eram armazenados e sempre que chegassem no volume da cor amarela estavam liberadas para arquivo. Também elaboramos um calendário onde os funcionários se revezavam para executar essa rotina eliminando a sensação de não agregar valor, além do excesso de movimentação para o arquivo”, citou.
Para o especialista, é crucial que o empresário reconheça o problema. “Ele precisará de indicadores que reflitam essa realidade. Esses dados devem ser monitorados diariamente e precisam estar à vista de todos”, disse. “Também é importante qualificar a equipe para que todos tenham a competência de enxergar os desperdícios e, com uso de recursos como Lean Office e Lean Manufactoring, tomar as ações necessárias”, complementou.
Amorim faz parte da “Crescer Treinamento em Desenvolvimento Empresarial e Gerencial”, consultoria que está no mercado desde 2013 atuando com PMO e Excelência Operacional através do Gerenciamento da Rotina no trabalho do dia-a-dia. (OAJ).
Simplesmente perfeito, reduzir desperdício e padronizar processos é a solução para as empresas crescer de forma sustentável.