IPCA rompe teto da meta do governo
No acumulado de 12 meses, o índice oficial atingiu 6,59%; no mês de março, a variação foi de 0,47%
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou março com alta de 0,47%, ante uma variação de 0,60% em fevereiro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas em 12 meses, a taxa ficou em 6,59%, acima do teto da meta estipulada pelo governo, de até 6,5%. Foi o maior resultado desde novembro de 2011, quando a taxa acumulada em 12 meses ficou em 6,64%. No ano, o IPCA acumulou uma alta de 1,94%.
Os aumentos menores em educação em março influenciaram com força a desaceleração no mês, segundo o IBGE. O grupo saiu de uma alta de 5,40% em fevereiro para 0,56% em março, o que equivale a um impacto de apenas 0,03 ponto percentual na inflação de março, contra uma influência de 0,24 ponto percentual em fevereiro.
Conforme o IBGE, as passagens aéreas ficaram 16,43% mais baratas em março, a principal contribuição negativa por item sobre a inflação no mês. O movimento resultou em uma influência de -0,10 ponto porcentual para a taxa de 0,47% do IPCA. Em fevereiro, as passagens aéreas já tinham registrado queda de 9,98% nos preços. O item também puxou a deflação de 0,09% no grupo Transportes em março, que tinha registrado variação de 0,81% em fevereiro.
A gasolina diminuiu o ritmo de alta em março para 0,09%, após ter aumentado 4,10% em fevereiro, como resultado do reajuste de 6,60% no preço do litro do combustível nas distribuidoras em 30 de janeiro. As despesas menores com transportes também tiveram influência em março da queda nas tarifas de ônibus interestaduais (de -0,44% em fevereiro para -0,97% em março) e da desaceleração nas tarifas de ônibus urbanos (de 0,62% para 0,35%) e de automóveis novos (de 0,59% para 0,35%).
Vilões – Embora o ritmo de aumento de preços tenha desacelerado na passagem de fevereiro para março, os alimentos mantiveram-se na liderança entre as maiores pressões sobre a inflação do mês medida pelo índice nacional. O grupo alimentação e bebidas passou de uma alta de 1,45% em fevereiro para 1,14% em março. Como resultado, o grupo foi responsável por uma contribuição de 0,28 ponto percentual para a taxa de 0,47% do IPCA no mês, o equivalente a 60% da inflação de março.
Os itens que registraram maiores aumentos foram cebola, açaí (emulsão), cenoura, feijão-carioca, batata inglesa, tomate, alho, ovo, farinha de mandioca, farinha de trigo, pão de forma e frutas, entre outros.
Os aumentos de preços do grupo alimentação e bebidas foram responsáveis por metade da taxa da inflação medida pelo IPCA nos 12 meses encerrados em março. O impacto dos alimentos sobre a taxa acumulada de 6,59% no período foi de 3,29 ponto percentual. No ano, os alimentos são responsáveis por 57% da taxa de 1,94% do IPCA acumulada no período.
Segundo a gerente da pesquisa Eulina Nunes,ainda não é possível sentir de maneira clara o efeito da desoneração da cesta básica. “Algum efeito houve, mas é difícil de captar isso de maneira clara”, afirma.
De acordo com ela, itens que fazem parte da cesta e já vinham de uma trajetória de queda continuaram a registrar deflação: caso do arroz, o açúcar, as carnes e o óleo de soja. Entre os itens de higiene pessoal, a pasta de dente foi o único contemplado com a desoneração que passou de um avanço de 1,56% para – 0,41%. O papel higiênico acelerou ao passar de 0,89% para 1,92% e o sabonete de 0,15% para 0,48%.
Entre os serviços, o item empregado doméstico registrou aceleração ao passar de 1,12% em fevereiro para 1,53% em março. Foi o maior impacto individual do mês, correspondendo a 0,06 ponto percentual do índice. Cabelereiro passou de -0,27% para um avanço de 1,14%.
Sobre empregado doméstico, Eulina conta que os preços sobem em razão do aumento do salário mínimo e da redução da oferta de mão de obra. Em 12 meses, os empregados domésticos tem a principal alta entre os itens não alimentícios: 12%.
Doméstica – Os gastos das famílias com empregado doméstico subiram 1,53% em março, após já terem aumentado 1,12% em fevereiro. O item exerceu impacto positivo sobre a inflação medida pelo índice no mês. A contribuição de 0,06 ponto percentual para a taxa de 0,47% do IPCA de março foi a maior influência individual.
Sobre empregado doméstico, Eulina conta que os preços sobem em razão do aumento do salário mínimo e da redução da oferta de mão de obra. Em 12 meses, os empregados domésticos tem a principal alta entre os itens não alimentícios: 12%.
Já o grupo despesas pessoais saiu de uma variação de 0,57% em fevereiro para 0,54% em março, com destaque ainda para cabeleireiro (de -0,27% em fevereiro para 1,14% em março). Na direção oposta, ajudaram a reduzir a alta no grupo o cigarro (de 0,93% para 0%) e excursões (de -2,85% para -9,99%). (AE e AG)
Diário do Comércio